Reis da Holanda levam com tomates na Rússia
Membros de movimento de oposição russo culpam Holanda pela morte de um activista no início do ano.
Dois activistas russos foram detidos no sábado depois de terem insultado e atirado tomates aos reis da Holanda, durante uma visita oficial ao país. Os jovens protestavam contra a negligência das autoridades holandesas, que responsabilizam pela morte de outro activista em Janeiro.
Enquanto o rei Guilherme-Alexandre e a rainha Máxima pisavam a passadeira vermelha para entrarem no edifício do Conservatório de Música de Moscovo, dois jovens gritavam insultos. “Vocês têm o sangue de Dolmatov nas mãos”, gritavam os activistas, membros do movimento “Outra Rússia”, de acordo com a agência governamental russa RIA Novosti. Antes de serem detidos, ainda tentaram atirar tomates ao casal, tendo falhado.
A visita dos monarcas está inserida na celebração do ano dedicado ao fortalecimento dos laços entre a Rússia e a Holanda. No entanto, são já vários os episódios de desentendimentos entre os dois países nos últimos meses e a visita dos reis holandeses era vista como uma forma de amenizar as relações entre ambos.
Em Maio de 2012, o dissidente russo Alexander Dolmatov fugiu para a Holanda, depois de ter participado numa manifestação ilegal. Depois de ver o seu pedido de asilo ser recusado, ficou detido no centro de expulsões do aeroporto de Roterdão. A 17 de Janeiro, Dolmatov acabou por se suicidar, deixando uma carta de despedida. No entanto, o seu advogado sugeriu, na altura, que as autoridades holandesas poderão tê-lo forçado a escrevê-la. A verdadeira razão para o suicídio de Dolmatov, também ele membro do “Outra Rússia”, terá sido, de acordo com o advogado, a recusa do seu pedido de asilo pela Holanda.
Um porta-voz do movimento de oposição confirmou à RIA Novosti que o protesto dos dois jovens estava relacionado com a negligência da polícia holandesa na morte de Dolmatov.
O movimento “Outra Rússia” foi fundado em 2010 por Eduard Limonov em 2010 depois do seu partido nacionalista-bolchevique ter sido banido, em 2007. Limonov tentou registar o movimento como partido político mas viu-se impedido pelo Serviço Federal de Registos porque “não tinha suficiente apoio popular entre os russos”.