Standard & Poor’s volta a descer o rating de França

Agência de notação financeira diz que o país perdeu margem de manobra financeira e mantém desemprego em alta.

A agência de notação financeira Standard & Poor’s voltou a descer o rating de França, que passa de AA+ para AA. O país liderado por François Hollande perdeu a margem de manobra financeira e mantém a taxa de desemprego elevada, justifica a S&P, que em Janeiro de 2012 tinha avançado com uma vaga de cortes que abrangeu nove países.

Na altura, Portugal passou a ter uma nota já considerada “lixo” financeiro. Desceu dois níveis, de BBB- para BB, ficando com o rating considerado nos mercados sem categoria de investimento.

Apesar de ter descido a nota à França, a agência mantém expectativas estáveis para a economia. “Parece-nos que os poderes públicos têm uma margem reduzida para aumentar as receitas”, analisa a S&P, num comunicado citado pela AFP. “As medidas do Governo não produziram efeitos significativos e a taxa de desemprego irá manter-se acima dos 10% até 2016”, continua.

O ano passado, a S&P baixou os ratings de Portugal, Itália, Espanha e Chipre em dois níveis, enquanto os da França, da Áustria – que perdem o triplo A – e de mais três países (Eslováquia, Eslovénia e Malta) foram cortados em um nível.

A revisão do rating da França fez disparar a taxa de juro da dívida soberana no prazo de dez anos para 2,393%. Quinta-feira a taxa de juro tinha atingido os 2,158%, de acordo com dados da Bloomberg.

Durante uma visita às instalações do Banco Mundial em Paris, François Hollande garantiu que vai manter a estratégia económica. “Confirmo a estratégia, que é a nossa, e o rumo, que é o meu”, disse, reagindo à decisão da agência de notação. O Presidente francês defendeu que a política seguida “é a única que permite assegurar a credibilidade” económica de França. Os resultados podem ser medidos “através das baixas taxas de juro nos mercados”, acrescentou.

Hollande resumiu os três princípios que apoiam a sua estratégia. Primeiro, “fazer toda a poupança orçamental possível para reduzir o défice, sem comprometer os serviços públicos e o modelo social francês”. Depois, “melhorar a competitividade da economia francesa para conseguir o mais alto nível de crescimento”. Finalmente, “lutar contra o desemprego”.

Pierre Moscovici, ministro das Finanças francês, também lamentou o “julgamento incorrecto” feito pela S&P e reafirmou a justeza das medidas definidas pelo Governo.

Na proposta de Orçamento do Estado para 2014, o executivo de Hollande prevê poupanças na ordem dos 15 mil milhões de euros para reduzir o défice público para 3,6% do PIB. A dívida pública deverá atingir um nível-recorde de 95,1% do PIB, mas é esperado um recuo em 2015.

Em cima da mesa está um aumento da carga fiscal, com alterações na taxa de IVA, e a saída de 13 mil trabalhadores públicos. Ao mesmo tempo, serão criados 11 mil novos empregos na educação, justiça e nas forças de segurança.
 

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