Da mítica fábrica da Majora já não saem jogos de tabuleiro

Empresa histórica do Porto encerrou a produção no início de Março e dispensou os últimos trabalhadores da unidade.

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Majora foi pioneira no fabrico de brinquedos Manuel Roberto

A histórica Majora encerrou a produção de jogos no início de Março, altura em que dispensou os já poucos trabalhadores na fábrica, instalada na Rua Delfim Ferreira, no Porto.

A notícia, avançada pelo Correio da Manhã, foi confirmada ao PÚBLICO por um trabalhador da empresa, que ainda mantém as portas abertas. Os cerca de 30 funcionários que restavam saíram na mesma altura mas o processo decorreu sem alarido.

Ao Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Norte não chegaram quaisquer reclamações de trabalhadores. O PÚBLICO tentou, sem sucesso, obter mais esclarecimento junto da administração da Majora. Um dos administradores está, actualmente, fora do país.

Fundada há 74 anos por José António de Oliveira, a Majora foi pioneira em Portugal na produção de brinquedos. Os primeiros jogos didácticos a serem produzidos foram os cubos da Carochinha, seguiram-se outros como o Rapa o Tacho e a Roda da Sorte. O primeiro jogo original foi o Pontapé ao Goal e os materiais usados eram, sobretudo, madeira e cartolina, que se mantiveram na linha de produção.

Em finais do século XX, a empresa enfrenta desafios num mercado em forte crescimento, dominado por multinacionais de peso como a Mattel e a Hasbro, a editora do famoso Monopólio que a Majora produziu sob licença até à década de 1990. Nessa altura, parte da produção foi deslocalizada para a China, onde se fabricam a maior parte dos brinquedos do mundo. Com a terceira geração à frente dos destinos do negócio, lança o mítico Sabichão ou o Mikado.

Mais recentemente criou jogos sob licenciamento, usando personagens televisivas de sucesso, como o Ruca, o Noddy ou o Panda. E em 2010, lançou uma gama de jogos destinados a idosos, em parceria com a Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, aproveitando um segmento de mercado com crescente poder de compra.

No ano seguinte, tentou posicionar-se para responder aos novos hábitos de compra e lançou uma gama com brinquedos mais baratos. Em Agosto, para assinalar os 50 anos de “O Sabichão”, desenvolveu em parceria com a Zau Digital Solutions uma aplicação móvel dedicada a este jogo.

O futuro da empresa está por desenhar.

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