"Raspadinha": uma febre a subir

Rendeu 437 milhões só este ano.

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Nos primeiros cinco meses, as receitas da "raspadinha" já ultrapassaram o valor arrecadado pela SCML ao longo de 2011 daniel rocha

Há quem fale numa espécie de febre da lotaria instantânea, conhecida por "raspadinha".

Pelas contas do Departamento de Jogos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a subida é consistente desde que a crise financeira e económica começou nos Estados Unidos e se propagou à Europa: a receita passou de 48 milhões em 2008 para 376,5 em 2012. Só neste ano, de 1 de Janeiro a 30 de Setembro, alcançou 436,9 milhões.

Lançada em 1995, a lotaria instantânea esteve anos na sombra de outros jogos. De repente, nos cafés e nos quiosques multiplicaram--se as compras, sobretudo protagonizadas por mulheres. A prevenção da dependência manda guardar os lucros e, em caso de grande ganho, apostar apenas 20%, mas um pouco por todo o lado se vê converter um euro ganho num euro gasto.


A "raspadinha", que existe numa dúzia de modalidades, já ultrapassou o Totoloto. 

Não foi só a crise, que segundo os especialistas convoca a aposta, nem a promoção associada a festivais de Verão. Em 2011, foi lançada a "raspadinha" Pé-de-Meia, cujo prémio máximo é 1500 euros mensais ao longo de dez anos.
Em 2012, a Super Pé-de-Meia, de 2 mil euros durante 12 anos. Já em Janeiro deste ano, a Mini-Pé de Meia, de 500 euros por 5 anos.

Na apresentação da Mini, que custa um euro, o vice-provedor da Santa Casa, Paes Afonso, disse que esperava atrair novos apostadores, já que o custo desta é menor: a Super custa cinco euros e a normal três.

A "raspadinha" tornou-se um vício nacional? Por email, o gabinete de comunicação do Departamento de Jogos informou desconhecer "qualquer caso de dependência de jogo social".

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