Simulacro de colisão de comboios em Aveiro revela necessidade de maior interligação entre entidades

O simulacro apontou para um cenário de 80 feridos com alguma gravidade, 20 feridos muito graves e dez mortos.

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Obras atrasam comboios PÚBLICO/arquivo

Iniciado às 13h20 e concluído cerca das 17h, o simulacro decorreu junto à plataforma multimodal de Cacia, onde supostamente uma composição que transportava passageiros, na Linha do Norte, e um comboio cisterna destinado ao Porto de Aveiro haviam colidido, havendo um derrame químico de peróxido de hidrogénio.

Para o local foram mobilizados 129 efectivos e 49 viaturas de bombeiros, 54 elementos do INEM, com 16 viaturas e um helicóptero, elementos da Cruz Vermelha, efectivos da GNR, bem como funcionários da CP e da REFER, tendo as unidades hospitalares de Aveiro e Coimbra accionado também os seus planos internos.

No balanço do exercício, José Bismark, comandante distrital de Aveiro da Protecção Civil, disse à agência Lusa que, "de uma forma geral, a resposta das várias entidades correspondeu ao esperado, mas notou-se a necessidade de fazer mais exercícios semelhantes para criar rotinas" de procedimentos.

"Os tempos de actuação foram respeitados, tendo em consideração a distância a que cada entidade estava e os reforços de meios. Os meios locais foram os mais rápidos e depois, consecutivamente, os meios que estavam posicionados mais longe, como apoios do Porto e de Coimbra", explicou.

Bismark observou, no entanto, que "em acidentes desta dimensão existem várias entidades que têm intervenção directa e notou-se alguma inibição em procedimentos de interligação" entre as várias entidades.

"Cada entidade trabalha bem na sua organização e tem planos, mas num acidente deste tipo, que tem várias sensibilidades e diferentes organismos a intervir, é necessária mais rotina para haver maior fluidez no salvamento", precisou.

O comandante distrital da Protecção Civil admitiu que após o acidente ferroviário de Santiago de Compostela houve necessidade de rever critérios e ajustar procedimentos de socorro

"Estamos num tipo de risco, que é o de transporte ferroviário, que acontece ciclicamente com um acidente grave e ainda há poucos meses tivemos um no norte de Espanha, o que veio demonstrar que no mundo moderno também há acidentes ferroviários", disse.

O comandante disse que "o protocolo é completamente diferente desde o acidente de Espanha. Até ele ocorrer calculava-se dez por cento de feridos graves e a partir daí passou a ser 20% e 10% de mortos, em acidentes deste tipo".

O simulacro de hoje já apontou para um cenário de 80 feridos com alguma gravidade, 20 feridos muito graves e dez mortos e realizou-se na confluência de duas linhas, em que uma delas pode transportar matérias perigosas, ponto considerado vulnerável se houver "uma coincidência de factores".