Qual é o melhor entre os 69 festivais de música?

Entregam-se esta sexta-feira os Portugal Festival Awards — os primeiros prémios que querem destacar o que de melhor se faz nos festivais da música

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O festival de Paredes de Coura é um dos 69 a concurso Paulo Pimenta

Os festivais de música. Sempre os festivais de música. Se há sector que parece não ser afectado pela crise é este. Só este ano em Portugal foram agendados mais de cem festivais dos mais variados tipos. A tendência é tal que agora há também quem os queira premiar. Esta sexta-feira entregam-se pela primeira vez, por iniciativa de dois jovens de fora do meio, os Portugal Festival Awards. Para quem anda nisto há anos, os prémios são bem-vindos mas a importância atribuída é relativa.

De verão ou de inverno, "indoor" ou "outdoor", de música portuguesa ou alternativa. São cada vez mais os festivais a acontecer em Portugal. E se este ano já apareceram algumas iniciativas novas, 2014 vai ficar marcado por mais uma edição do Rock in Rio Lisboa e ainda o regresso de Vilar de Mouros, muitos anos depois, a provar que de facto este é um sector que além de não parar de crescer, ganha cada vez mais destaque no país.

Foi a olhar para esta realidade que Rita Pires e João Dinis (ela engenheira civil, ele consultor) decidiram no início deste ano realizar os Portugal Festival Awards, os primeiros prémios que querem distinguir o que de melhor se faz nisto dos festivais. Há prémios em 15 categorias, nove das quais votadas pelo público, e é caso para dizer que quase tudo foi posto a escrutínio. Do melhor festival de pequena, média e grande dimensão, ao melhor cartaz, passando pelo melhor campismo e até mesmo os melhores WC, são vários os motivos de premiação.

Os vencedores só são conhecidos esta noite, numa cerimónia que acontece às 21h30 na Aula Magna, em Lisboa, mas os mais nomeados são os suspeitos do costume. Ou seja, os festivais que há mais tempo dão que falar e que servem de exemplo para os novos que vão surgindo. Falamos por exemplo do Optimus Alive, do Optimus Primavera Sound, do Super Bock Super Rock e do Vodafone Paredes de Coura. São estes, aliás, que se destacam nas categorias decididas pelo júri (promotora do ano, melhor cartaz, festival mais sustentável, melhor activação de marca, contribuição para a inovação em produção e contribuição para o turismo).

“A maior parte das pessoas quando pensa em festivais pensa em dez ou 15 mas a verdade é que só este ano em Portugal existem mais de 120”, diz ao PÚBLICO, João Dinis, mentor dos prémios, explicando que a ideia desta iniciativa é “valorizar e divulgar” os vários eventos. “Muitas pessoas ficaram a conhecer festivais só pelo facto de terem votado, viram os festivais que lá estavam nomeados e que se calhar até ali nunca tinham ouvido falar”, acrescenta o responsável, revelando que para esta primeira edição candidataram-se aos prémios 69 festivais.

João Dinis não esconde que gostava que mais festivais tivessem aderido aos prémios mas entende que exista ainda alguma desconfiança. “Não somos do meio, as promotoras e os vários responsáveis não nos conheciam de lado nenhum e por isso é normal”, diz João Dinis, para quem o facto de não ter nada a ver com festivais também ajudou a credibilizar a ideia. “Acabou por nos legitimar o facto de sermos pessoas independentes, não termos nenhuma ligação às produtoras e à indústria musical. A ideia é que estes prémios sejam isentos.”

E para isso os dois jovens contam com a ajuda de um júri bem conhecido no meio musical, constituído por Zé Pedro (Xutos e Pontapés), Pedro Boucherie Mendes (SIC), Nuno Jel (Homens da Luta), Rita Carmo (Blitz), Nuno Calado (Antena 3), Álvaro Costa (Antena 3), Miguel Cadete ("Blitz" e "Expresso"), Diogo Anahory (BAR), Ruben Obadia e a consultora Sair da Casca. “São pessoas reconhecidas pela sua independência mas é claro que num país pequeno como Portugal existem sempre ligações aqui e ali”, explica João Dinis, defendendo que “estas são conhecidas por pensarem pela própria cabeça”.

Mas então e o que pensam aqueles que vêm os seus festivais nomeados? Identificam realmente esta independência e sentiam necessidade de um reconhecimento destes? Luís Montez, director da Música no Coração, que organiza festivais como o Super Bock Super Rock, o Meo Sudoeste ou o mais recente Caixa Alfama, desvaloriza. “Não faço festivais para ganhar prémios”, atira muito depressa. “Faço festivais para as pessoas se divertirem, para se sentirem bem e por isso passam-me um bocado ao lado estes prémios”, continua Montez, que não negará os galardões se os vier a receber. “Nunca senti falta de prémios mas se vierem melhor”, diz referindo-se mais aos prémios do público do que àqueles decididos pelo júri, uma vez que segundo o director da Música no Coração há “membros [do júri] que por exemplo não foram ao Sudoeste”.

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