Está provado cientificamente: o chocolate não engorda

Já não precisas comer chocolate às escondidas: o chocolate não engorda e desta vez há um estudo científico para o provar. A conclusão é de uma equipa da Universidade de Granada

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Rui Gaudêncio

Um artigo divulgado pela Universidade de Granada, levado a cabo por investigadores da instituição e publicado esta semana na revista científica "Nutrition", vem comprovar aquilo que há muito a população mundial queria ouvir: o chocolate não engorda.

Na verdade, um consumo notável de chocolate está associado a níveis mais baixos de gordura total (ou seja, a que está acumulada em todo o corpo) e central (na zona abdominal). Isto independentemente de se praticar exercício ou de se seguir algum tipo de dieta. Segundo o estudo, estas conclusões foram transversais a todos os participantes, à parte do sexo, da idade ou da maturidade sexual dos participantes.

Na investigação participaram cerca de 1500 adolescentes europeus, entre os 12 e os 17 anos, que foram submetidos a testes e medições do índice da massa corporal, da percentagem de massa gorda e do perímetro da cintura — antes, durante e depois do consumo do chocolate.

O chocolate é um alimento rico em flavonóides (especialmente catequinas), ou seja, "é um grande antioxidante, antitrombótico e anti-inflamatório", garante Magdalena Cuenca García, autora principal do estudo. Tem ainda "efeitos anti-hipertensivos e pode ajudar a prevenir a cardiopatia isquémica", acrescenta.

E mesmo que seja um alimento com um elevado valor energético, rico em gorduras saturadas e açúcares, "estudos recentes realizados em adultos sugerem que o consumo [de chocolate] se associa a um menor risco de transtornos cardiometabólicos", acrescenta a investigadora. Na Universidade da Califórnia, por exemplo, também se chegou à conclusão que maior consumo de chocolate se associa a um menor índice de massa corporal. Neste caso, em mulheres que cumpriram uma dieta rica em catequinas.

Segundo os autores, este é mais um passo para a avaliação dos alimentos não só a nível calórico mas também ao nível do impacto biológico. "As investigações epidemiológicas mais recentes estão a centrar a sua atenção em estudar a relação entre determinados alimentos e os factores de risco para o desenvolvimento de doenças crónicas, como a obesidade."

Consumo excessivo é prejudicial

Ainda assim, os investigadores não deixam de alertar para o consumo moderado do chocolate. "Em quantidades moderadas, o chocolate pode ser bom, como demonstra o nosso estudo. Mas um consumo excessivo é, sem dúvida, prejudicial. Demasiado de algo bom, já não é bom."

Esta investigação, que é possivelmente uma das "melhores e mais amplas" — assim como "a primeira com adolescentes" — foi levada a cabo por uma equipa das faculdades de Medicina e de Ciências do Desporto da Universidade de Granada (UGR). Surgiu no âmbito do programa "HELENA" (Healthy Lifestyle in Europe by Nutrition in Adolescence), um projecto financiado pela União Europeia sobre os hábitos alimentares e o estilo de vida dos jovens de nove países europeus, entre eles Espanha.

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