Sentença de Bo Xilai confirmada por tribunal superior

Destino do antigo dirigente do Partido Comunista Chinês, condenado a prisão perpétua por corrupção, ficou selado em definitivo com chumbo do recurso.

Foto
Bo ouviu a decisão do tribunal com um sorriso irónico China Central Television/Reuters

O destino de Bo Xilai ficou selado nesta sexta-feira quando, tal como era previsível, um tribunal de recurso confirmou que o ex-dirigente do Partido Comunista chinês (PCC) terá de cumprir prisão perpétua pelos crimes de corrupção e abuso de poder.

Os factos estabelecidos em primeira instância foram claros, as provas concretas e suficientes. Os crimes invocados eram precisos e a sentença apropriada”, concluiu o tribunal superior de  Shandong, a província onde Bo foi julgado, no acórdão divulgado pela agência Xinhua. Considerando “infundados” os argumentos da defesa, a instância decidiu recusar o recurso.

Em teoria, o antigo governador de Chongqing, metrópole no Sudoeste da China, poderá ainda recorrer para o Supremo Tribunal do Povo, a mais alta instância judicial chinesa, mas a BBC recorda que são raras as vezes em que aceita recursos e as hipóteses são ainda mais pequenas no caso de Bo Xilai. Apontado como um dos mais fortes candidatos a integrar o comité permanente do PCC, na renovação dos quadros que ocorreu no ano passado, a liderança chinesa quis fazer dele um exemplo da sua determinação no combate à corrupção e a sua condenação era certa ainda do julgamento começar.

“O julgamento é definitivo”, afirmou o vice-presidente do tribunal, Hou Jianjun, aos jornalistas estrangeiros que, por estarem proibidos de aceder à sala de audiências, se concentraram num hotel vizinho. Imagens divulgadas pela televisão estatal mostram Bo Xilai em tribunal de mãos algemadas. O antigo dirigente, que sempre negou as acusações, sorriu ironicamente ao ouvir a sentença, antes de ser levado por guardas da sala de audiências, onde entre outros familiares estava o seu filho mais velho, Li Wangzhi.

Bo foi acusado de receber subornos de empresários, desviar fundos destinados a projectos públicos e de abuso de poder por ter tentado esconder as suspeitas que recaíam sobre a sua mulher Gu Kailai, cujo envolvimento no assassínio de Neil Heywood, um empresário britânico, ajudou a precipitar o seu afastamento do PCC.

Apesar de negar a autoria dos crimes, o antigo dirigente reconheceu ter cometido erros que mancharam a imagem do partido, nomeadamente pela forma como lidou com Wang Lijun, o antigo chefe da polícia de Chongqing e quem primeiro lhe contou as suspeitas que recaíam sobre a sua mulher. Foi a fuga de Wang para o consulado dos EUA na vizinha cidade de Chengdu que viria a despertar aquele que se transformou na maior crise enfrentada pela liderança chinesa desde o massacre na Praça de Tiananmen, em 1989, desencadeada precisamente quando o PCC se preparava para renovar a sua cúpula.

Depois de entregue às autoridades, o antigo responsável da polícia denunciou Gu Kailai como responsável pela morte do empresário britânico – alegadamente por causa de um negócio que correra mal – e implicou Bo em vários casos de suborno. Depois disso, Bo foi expulso do Politburo (o segundo mais importante centro de decisões da política chinesa, a seguir à Comissão Permanente) e mais tarde do próprio partido.

Sugerir correcção
Comentar