Serviço público ou serviço púbico?

Com este nível de perguntas mais valia fazer um Quem Quer Ser Milionário com as concorrentes da Casa dos Segredos

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Se há coisa que não percebo são as pessoas que se inscrevem no Quem Quer Ser Milionário. Para levar com 15 perguntas de uma mulher basta ficar uma tarde sem bateria no telemóvel. Se a mulher em questão for Manuela Moura Guedes, menos percebo ainda. A menos que o concorrente seja o Marinho Pinto, mas aí fazia mais sentido um Quem Quer Ser Bastonário.

“Quem interpreta o tema "Boom sem Parar"?”. Não sei e estranhei não haver nas opções Angélico Vieira. Também estranhei estar na RTP e não na TVI. Com este nível de perguntas mais valia fazer um Quem Quer Ser Milionário com as concorrentes da Casa dos Segredos. O prémio em vez de dinheiro era silicone. O patamar de segurança era Luciana Abreu.

Entretanto, estreou o Secret Story 4. Calhou é no dia das eleições. Às dez da noite a TVI já tinha substituído a boca das urnas por outras bocas. Isto sim, é serviço público. Perdão, púbico. A verdade é que eu vi na mesma. Eu e o Seara, que fez o discurso mais cedo para ainda apanhar os primeiros perdigotos da Teresa Guilherme.

Coisas boas: deu para conhecer a Débora. A Débora tem medo do escuro. Costuma usar preservativos fluorescentes como luzinha de presença. Também conheci o Lourenço. O Lourenço antes era Ivone, mas entretanto mudou de sexo. Nos dias que correm é mais fácil mudar de mulher para homem que da Vodafone para a TMN. Só fica estranho é ver um "chunga" chamado Lourenço. Ainda fiquei à espera que entrasse um Anselmo de pólo da Lacoste e camisola aos ombros que jogasse ténis aos domingos, mas nada. E isto foram os melhores que a TVI conseguiu arranjar, entre as 20 mil candidaturas. Estava à espera de mais, é quase mais difícil entrar no Secret Story que em medicina. Só entram os melhores dos melhores. 

Intervalo na TVI. Dá tempo para o Lourenço e a Débora fazerem mais um concorrente na casa. Mudei para a SIC e não me lembro de ver tantos Xs em Portugal desde um concerto de Xutos. O programa chama-se Factor X, mas pelos concorrentes que ouvi cantar devia chamar-se Factor Xiu.

No geral foi decepcionante. A pior foi uma jovem penteada por um circuito eléctrico que foi cantar o "Impossible". Vê-se que está habituada a gritar o refrão enquanto tenta alisar o cabelo. Também houve alguns bons. Apareceu um grupo a fazer música com uns copos. Gostei, mas quem é perito nisso é o Jorge Palma. O meu preferido foi o treinador das camadas jovens do Benfica que lá apareceu para cantar Tracy Chapman. Isto sim, é Factor X. Um treinador do Benfica que sabe falar inglês.

Uma nota de rodapé para a Sónia dos The Gift, que integra o júri. A Sónia optou pelo cabelo em tom ameixa. Até podia ser uma boa escolha, se estivesse perdida em Tóquio. Assim é só estúpido. E faz-me ver um padrão nos pré-requisitos para se ser jurado na nossa televisão: ter um passado nas drogas, um cabelo artificial ou um caso com a Marta Leite e Casto. E o Zé Carlos Pereira tem logo os três.

Enfim. O balanço é positivo, na óptica do sadomasoquismo. Instalem logo a TV portuguesa na prisão do Guantánamo, que deve dar óptimas torturas. E o pior é que no meio disto continuamos a pedir pela paz, pelos meninos com bócio, pelo teste de Física na quinta-feira, por isto e por aquilo, sem nunca nos lembrarmos daqueles que realmente precisam: os que só têm os quatro canais.

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