Novas regras de protecção de dados aprovadas por deputados europeus

Medidas estavam em discussão desde 2012 e implicam multas para empresas que podem ir até aos 5% da facturação global.

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Uma das medidas foi desenhada para evitar casos como o da espionagem das autoridades dos EUA Reuters

Um pacote de novas regras para proteger os dados pessoais dos cidadãos da União Europeia foi aprovado por deputados do Parlamento Europeu. As medidas terão impacto sobretudo em empresas como o Google, o Facebook e outras que prestam serviços online.

As medidas, que visam adaptar a legislação existente para a era digital, receberam uma maioria de votos favoráveis na Comissão das Liberdades Cívicas, Justiça e Assuntos Internos. O Parlamento Europeu irá agora negociar a adopção com os Estados-membros e espera conseguir concluir a alteração legislativa em Maio do próximo ano.

Uma das medidas é uma resposta ao escândalo da espionagem das autoridades americanas que envolvia a monitorização de comunicações de e-mail e dados pessoais de cidadãos de países fora dos EUA. De acordo com a proposta agora aprovada, se um país pedir a uma empresa dados sobre utilizadores da União Europeia, a empresa terá que obter autorização de uma entidade nacional de protecção de dados (em Portugal, a autoridade competente é a Comissão Nacional para a Protecção de Dados). Além disso, o utilizador em causa terá também de ser informado.

Os deputados especificaram que isto se aplica, por exemplo, a motores de busca, redes sociais e empresas que prestem serviços online, normalmente designados por cloud computing. Muitas destas empresas são americanas e têm naquele país centros de dados, tendo já alegado estarem fora da jurisdição europeia neste domínio, muito embora tenham subsidiárias em países da UE, tipicamente na Irlanda, por motivos fiscais e por ser um país de língua inglesa.

Outra novidade é o direito dos utilizadores a pedirem que os respectivos dados sejam apagados. Caso um utilizador faça este pedido a uma empresa, esta terá de o repassar às outras onde os dados eventualmente estejam replicados.

O pacote inclui ainda restrições ao tipo de monitorização de comportamentos que as empresas podem fazer e estipula que o tratamento de dados só pode ser feito com o consentimento explícito da pessoa, que o pode revogar a qualquer momento.

As empresas que violem a lei poderão sofrer multas até aos 100 milhões de euros ou até 5% das receitas globais anuais (é escolhida a opção que significar um maior montante). A Comissão Europeia tinha sugerido multas até um milhão de euros ou 2% das receitas.

“O voto desta noite é um avanço importante para as regras de protecção de dados na Europa, assegurando que estão prontas para os desafios da era digital”, disse no final da votação o eurodeputado alemão Jan Philipp Albrecht, relator de parte do pacote de medidas, de acordo com informação divulgada pela comissão. A actual directiva para a protecção de dados data de 1995, uma altura em que a Internet não se tinha massificado.

 

 

 
 

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