Jerónimo de Sousa chama a Passos e Portas “trapaceiros e malabaristas"

O líder comunista lembrou que Passos Coelho e Paulo Portas tinham dito que não haveria novas medidas de austeridade.

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Jerónimo de Sousa diz que o país vive "uma política de terra queimada" que é inaceitável Nuno Ferreira Santos

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, acusou neste domingo o primeiro-ministro e o vice-primeiro-ministro de serem "trapaceiros e malabaristas", por terem dito "sem corar de vergonha" que não haveria mais medidas de austeridade.

"Trapaceiros e malabaristas é o que são", afirmou o líder comunista, recordando que o primeiro-ministro, Passos Coelho, e o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, disseram que não haveria novas medidas de austeridade.

Num comício em Odivelas, Jerónimo de Sousa afirmou que Passos e Portas "jogam com as palavras mas apenas para jogar com a vida das pessoas".

"Como é possível afirmar isto sem corar de vergonha, quando se preparam para incluir no Orçamento do Estado para 2014 um vasto conjunto de medidas em que se incluem, como vem a público, um corte de 10% nos salários dos trabalhadores da administração central e local, o mesmo valor de 10% no corte das reformas, um corte nas pensões de viúvas e viúvos, de que está ainda por apurar em termos de dimensão?", questionou.

O líder comunista apontou também para "o novo aumento da idade da de reforma para os 66 anos, manutenção da sobretaxa do IRS e da taxa extraordinária para os pensionistas e o que aí está ainda para vir de aumentos de impostos, de taxas, de despedimentos de dezenas de milhares de trabalhadores da administração pública".

Na sua intervenção no pavilhão polivalente de Odivelas, enquanto o Governo estava reunido em Conselho de Ministros extraordinário para fechar o Orçamento do Estado, o líder comunista acusou o Governo e PSD e CDS-PP de quererem "atenuar na opinião pública o choque do miserável corte nas pensões de sobrevivência" com uma "manobra" em torno do "corte das pensões vitalícias dos detentores de cargos públicos".

"Há muitos anos que o PCP propôs o corte total destas subvenções contra a opinião do PSD e do PS, que as defenderam. O corte das subvenções vitalícias não justifica o roubo nas pensões de sobrevivência, os cortes são inaceitáveis com ou sem redução das pensões vitalícias dos detentores de cargos públicos", argumentou.

"Nada, absolutamente nada, justifica este golpe nas pensões das viúvas e dos viúvos, dos reformados, nos salários dos trabalhadores", declarou.

Com o resultado autárquico ainda recente e próximo de um dos concelhos que os comunistas conquistaram, Loures, Jerónimo de Sousa disse que as vitórias não descansam o PCP e que "a luta não pode nem vai parar", defendendo que "esta é a hora de continuar a cerrar fileiras".

O líder comunista apelou à participação nas manifestações de dia 19 de Outubro, convocadas pela CGTP-IN para as pontes e que em Lisboa a central sindical pretende que se realizem na Ponte 25 de Abril, apesar do braço de ferro com o Ministério da Administração Interna que evoca pareceres de segurança negativos à realização do protesto na ponte sobre o Tejo.

O líder do PCP desafiou também o Banco de Portugal a revelar "a verdade toda" sobre a redução dos salários reais e sobre quem está "a amassar fortuna" no contexto de crise para os trabalhadores.

"Esta semana o Banco de Portugal veio levantar uma pontinha do véu desse escândalo que é corte brutal de salários reais que está em curso em Portugal. O Banco de Portugal podia ter revelado a verdade toda, ficou-se por uma pequena amostra que evidenciava um corte de 11% nos salários de empresas que fizeram a rotação dos seus efectivos", afirmou.

"O que o Banco de Portugal conhece e não quis publicar é muito mais grave. Nestes dois últimos anos, a redução do valor real dos salários de uma larga maioria dos trabalhadores ronda os 15%, ainda por cima penalizados por um aumento brutal de impostos", disse.

Para o secretário-geral comunista, "está muito claro que a função do pacto de agressão e das políticas que promove é de autênticas sanguessugas de recursos e meios dos que menos têm para entregar aos que mais têm, ao grande capital económico e financeiro, aos agiotas que recebem milhões de juros da dívida altíssimos".

"Era interessante convidar o Banco de Portugal a dizer quem está a amassar fortuna", desafiou.

"O Banco de Portugal que demonstre que os mais ricos estão de facto mais risco a conta desta política de destruição do nosso país. É inadmissível que os trabalhadores e os reformados paguem três vezes mais impostos que o grande capital", defendeu.

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