Paulo Rangel contra perseguições a dissidentes no PSD

Marco António Costa responde que partido é tolerante, mas tem estatutos.

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Marco António Costa nFactos/Fernando Veludo

Devem os militantes que concorreram em listas adversárias do PSD ser expulsos do partido? Para os sociais-democratas, a questão está em cima da mesa mas não é pacífica. O eurodeputado Paulo Rangel, nesta quarta-feira, mostrou-se contra qualquer “processo de perseguições”, argumentando que o partido deve apenas fazer uma leitura política dessas situações.

“A única coisa que recomendo ao PSD é que pode tirar ilações políticas e juízos políticos, mas não devia iniciar um processo de perseguições. Acho que isso que seria negativo para o partido", disse Paulo Rangel, à saída da reunião do Conselho Nacional do PSD, que se realizou na terça-feira à noite e se prolongou pela madrugada.

Na reunião do Conselho Nacional, José Pedro Aguiar-Branco terá criticado os militantes que não apoiaram a candidatura de Luís Filipe Menezes no Porto, referindo-se a Rui Rio e Paulo Rangel. À saída da reunião, o eurodeputado respondeu estar “totalmente à vontade”, porque foi “para a rua fazer campanha” pelo PSD no concelho onde vota, Vila Nova de Gaia.

E, apesar de ter dito que não houve “polémica nenhuma especial” nem “nenhuma quezília” com o actual ministro da Defesa, Rangel insistiu na ideia de que o PSD não deve iniciar uma caça às bruxas.

“A única coisa que eu disse, e continuo a dizer, é que eu acho que nós não devemos enveredar por uma atitude de caça às bruxas, mas não fui o único a dizê-lo, houve mais pessoas que o disseram, antes de mim, até", afirmou Rangel, referindo-se à ex-vice-presidente do PSD e actual ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz.

"O que se trata é de saber qual é a posição que se tem perante os candidatos que não eram candidatos em listas do partido, que estavam em listas independentes. Uns entendem que se deve ser um juízo político apenas, é o meu caso, outros entendem que se deve fazer disto um tribunal", acrescentou Paulo Rangel.

António Capucho e Marco Almeida, que integraram uma lista independente em Sintra, são os casos mais mediáticos de militantes sociais-democratas que concorreram contra o partido nas eleições autárquicas de domingo.

O líder da distrital de Lisboa, Miguel Pinto Luz, defende que estes militantes têm que ser sancionados pelo partido. À luz dos estatutos, os sociais-democratas nesta situação cessam a sua inscrição (embora formalmente não se trate de uma expulsão do partido).

Marco António Costa, porta-voz do PSD, saiu da reunião do Conselho Nacional para dizer aos jornalistas que “o PSD é por natureza um partido tolerante, mas, como todos os partidos, tem estatutos”.

O porta-voz social-democrata referiu que na “esmagadora maioria” dos casos de candidaturas contra o PSD, “o militante toma a iniciativa de suspender a sua inscrição”. “Quando assim não acontece, o Conselho de Jurisdição, nos termos dos estatutos, trata da questão”, afirmou.

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