Número 2 de Berlusconi apela ao seu partido para apoiar o governo de Letta

Cisão consumada no partido Povo da Liberdade

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Alfano (à esquerda) decidiu colocar a sua lealdade com Letta Remo Casilli/REUTERS

Angelino Alfano, o número 2 de Silvio Berlusconi, apelou a todo o seu partido a votar a favor da moção de confiança que o primeiro-ministro italiano Enrico Letta tenciona apresentar amanhã, quarta-feira, no Parlamento.

Ao mesmo tempo, Carlo Giovanardi, senador do Povo da Liberdade (PdL), a formação de Berlusconi, dez declarações sugerindo a possibilidade da formação de um grupo parlamentar dissidente: “Alfano tem os números suficientes para formar um novo grupo, somos até mais de 40 [em 91], e estamos firmemente decididos a manter o equilíbrio do governo. Por isso votaremos pela moção de confiança. O problema de números é dos outros”, disse Giovanardi, citado pelo jornal La Repubblica.

Segundo as contas da AFP, o governo Letta deve neste momento conseguir fazer passar a moção de confiança no Senado, onde não tem maioria garantida. Tem o apoio garantido de 137 senadores e com mais vinte e poucos trânsfugas, vindos dos eleitos pelo Movimento 5 Estrelas mas entretanto decepcionados com Beppe Grillo e os dissidentes do campo Berlusconi pode chegar à maioria absoluta de 161 votos.

“Estou firmemente convencido de que o nosso partido deve votar amanhã a confiança de Letta”, disse por sua vez Alfano, citado pela AFP, em contradição com a ordem de ruptura lançada no sábado por Berlusconi. Alfano, vice-primeiro-ministro de Letta e ministro do Interior no governo que juntava o Partido Democrático de Letta, o PdL de Berlusconi e os centristas que apoiaram o ex-primeiro-ministro Mario Monti, foi obrigado a demitir-se por ordem de Berlusconi, mas disse, de uma forma algo críptica, que queria ser “berlusconiano de outra forma”.

Hoje, numa carta publicada no semanário Tempi, Berlusconi repetiu o seu desejo de “pôr fim ao governo Letta”, ainda que “assumindo os riscos”, tudo para “resistir à opressão judiciária e fiscal.” Mas na segunda-feira à noite, Berlusconi e Alfano, um advogado siciliano de 42 anos que deve a sua carreira ao cavaleire, tiveram uma grande discussão, relatam os media italianos.

Outros pesos pesados do PdL, incluindo alguns que se julgava incondicionais de Berlusconi, como Fabrizio Cicchitto, afastaram-se também de Berlusconi, nesta tentativa desesperada de fazer cair o Governo para se manter na política – no momento em que uma comissão deverá votar a sua destituição do Senado, após ter sido condenado, em última instância, por fraude fiscal. “Fazer cair o Governo seria um erro. É preciso levar em conta o contexto internacional e europeu”, afirmou Cicchitto.

Mas os “falcões”, os próximos de Berlusconi, não estão dispostos a ceder. Os “ultras” berlusconianos estão a relançar a ideia da candidatura da filha mais velha do ex-primeiro-ministro, Marina, para dirigir a renascida Forza Itália – o novo nome do PdL, com o qual Berlusconi espera recuperar a frescura que o levou ao poder pela primeira vez na década de 1990. Diz-se que Marina Berlusconi tem manifestado toda a sua raiva e indignação ao ver que parte do partido está pronta a vir as costas ao pai, diz o La Repubblica, usando a palavra “traidores” sem hesitação. 

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