As novas canções dos Arcade Fire dividem fãs

Veja aqui o documentário onde os canadianos revelaram as novas canções.

As novas canções dos Arcade Fire

No fim-de-semana os canadianos Arcade Fire apresentaram na TV americana quatro novas canções do álbum mais esperado dos próximos meses (Reflektor) e as divisões fizeram-se de imediato sentir na internet. Admiradores desde primeiro momento acusam-nos de se terem tornado “conceptuais”, criticando tudo (da roupa às novas aproximações musicais) enquanto outros lhes admiram a coragem por terem transformado a sonoridade.

E tanto barulho porquê? Porque na madrugada de sábado para domingo, no programa Saturday Night Live da NBC, apresentaram ao vivo uma canção nova, Afterlife (para além daquela que já se conhecia, o single Reflektor, revelado há semanas) e a seguir desvendaram, num minidocumentário realizado por Roman Coppola, mais três novas canções: Here comes the nightlife, We exist e Normal person. O filme contém aparições de Bono (U2) ou dos actores Ben Stiller, James Franco e Zach Galfianakis. 

Do ponto de vista sonoro são canções numa linha mais dançavel, com alusões funk ou “disco”, do que aquela que se lhes reconhecia, com a influência de James Murphy (ex-LCD Soundsystem) na produção a ser visível, embora a habitual intensidade rock se mantenha. No documentário é também perceptível alguma (auto)ironia pelo facto de se terem transformado numa das bandas rock mais festejadas do mundo – eles que foram impulsionados nos territórios mais "alternativos".

Existe até uma menção ao facto de serem ainda mais músicos em palco, numa alusão irónica aos que os acusam de terem crescido desmesuradamente. Na promoção ao programa já a apresentadora do Saturday Night Live, Tina Fey, lhes havia chamado, com ironia, claro, Coldplay.

Ou seja, trata-se da mais velha história da cultura rock. Um grupo começa por agradar a uma minoria, desenvolvendo um forte sentimento de pertença, acabando por crescer comercialmente graças aos intensos espectáculos ao vivo, acabando por se tornar num grupo de massas, criando nesse movimento uma sensação de infidelidade naqueles que em primeira instância os admiravam. 

Ao mesmo tempo, pelo facto de não se quererem repetir, ao quarto álbum (depois de Funeral de 2004, The Suburbs de 2010 e Neon Bible de 2007) acabaram por requerer ajuda exterior (neste caso, James Murphy), transformando-se sonoramente e cenicamente. Resta saber se as restantes canções (o álbum contém 13) seguem a mesma linha.

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