68 presidentes em fim de mandato candidatam-se a assembleias municipais

Metade dos autarcas que não se podem recandidatar concorre no mesmo concelho à assembleia municipal. Sede de poder ou sentido de missão?

Foto
António Magalhães (PS) preside à câmara de Guimarães há 24 anos e agora é candidato à assembleia municipal Enric Vives-Rubio

A limitação de mandatos obriga a afastar numerosos presidentes autárquicos, aqueles que exerciam há pelo menos três mandatos consecutivos. Mas muitos deles não vão para longe.

Pelas contas do PÚBLICO, dos actuais 308 presidentes de câmara, 138 não podem recandidatar-se ao cargo devido à lei. Destes, praticamente metade (68) concorre pelo mesmo partido à presidência da assembleia municipal, no mesmo concelho - ou seja, querem continuar a ser presidentes no território que governaram durante pelo menos 12 anos, mas com outra função.

O que os leva a fazer esta transição? Como encaram um cargo que nada tem de executivo, não oferece salário fixo, e que para muita gente é quase decorativo, apesar de as assembleias municipais terem papéis importantes segundo a lei das autarquias? Mais: o que pensam os candidatos às câmaras sobre a ideia de serem fiscalizados por um órgão que pode vir a ser presidido pelo antecessor? Se é certo que, na campanha, uma cara popular e conhecida pode ser uma ajuda, existe depois algum risco de os novos presidentes serem ofuscados pelo ex-titular do cargo?

Se a importância do presidente da assembleia municipal se medisse pela divulgação que os partidos fazem dos seus próprios candidatos, concluir-se-ia que são pouco menos do que irrelevantes. Isto porque até os rostos para as juntas de freguesia têm maior visibilidade, na Internet pelo menos. Nenhum órgão nacional ligado às eleições nem os próprios partidos disponibilizam listas compiladas destes candidatos e, por isso, para traçar o panorama é preciso consultar as candidaturas uma a uma. Foi o que o PÚBLICO fez.

Veja-se primeiro um resumo de quem são. Alguns estão há mais de 20 anos no cargo - é o caso, por exemplo, de Aires Ferreira (PS), que governa Torre de Moncorvo (Bragança) há 24 anos, tantos quanto António Magalhães (PS) passou à frente da Câmara de Guimarães. Muitos já tinham ocupado funções de vereadores ou deputados municipais antes de chegarem à presidência. Contas feitas, há quem tenha dedicado toda a vida profissional à autarquia. com Sandra Rodrigues, Tolentino de Nóbrega, Filipe Ribeiro e Andrea Cruz

Leia mais na edição impressa ou na edição online exclusiva para assinantes

Sugerir correcção
Comentar