Ministro da Educação vaiado em Setúbal por dezenas de professores

Nuno Crato ignorou os protestos dos professores que pediam a sua demissão.

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Crato visitou o Agrupamento de Escolas Sebastião da Gama, em Setúbal Enric Vives-Rubio

O ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, foi vaiado nesta terça-feira por dezenas de professores concentrados junto à Escola Secundária Sebastião da Gama, em Setúbal, que protestaram contra a instabilidade e precariedade na carreira docente.

“Estamos aqui em protesto contra a precariedade e instabilidade no emprego. Há milhares de professores provisórios que, devido à reorganização curricular e a outras alterações nos currículos, ficaram sem emprego”, disse à agência Lusa João Trigo, professor do Agrupamento de Escolas Sebastião da Gama.

“Também temos um problema grave com cerca de dois mil professores do quadro que ainda estão com horário zero, o que significa que poderão ser requalificados, a designação utilizada pelo Governo mas que, na prática, significa o despedimento puro e simples”, acrescentou.

Nuno Crato ignorou os protestos dos professores que pediam a sua demissão, mas, no interior da escola, falou aos jornalistas sobre a falta de professores que se mantém em diversas escolas e sobre a polémica em torno das aulas de inglês.

“Este ano teve vários concursos: tivemos o concurso quadrienal de professores, em que todos os professores participam, que levou à recolocação de muitos professores”, disse Nuno Crato. De acordo com o ministro, este concurso, com regras novas e que levou à recolocação de muitos professores, “só podia ser feito depois de haver estimativas muito precisas sobre as turmas”.

Sobre a polémica em torno da introdução das aulas de inglês no 1.º ciclo do ensino básico, Crato garantiu que não há contradição nenhuma por ter acabado com a obrigatoriedade da oferta do inglês nas Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC) no 1.º ciclo e agora propor que seja uma disciplina obrigatória.

“O inglês que se ensina nas AEC é sempre facultativo, porque há alunos que participam e outros que não participam. Há regiões, como o Algarve, em que um quarto dos alunos não está nessas actividades. O enriquecimento curricular, que é positivo e importante, não se pode comparar com aquilo que se passa no currículo obrigatório. É algo sempre facultativo e que tem padrões de qualidade diversos”, disse.

Nuno Crato lembrou que Governo já instituiu o ensino do inglês em cinco anos de escolaridade, já instituiu uma prova final de inglês, de nível internacional, para os alunos do 9.º ano de escolaridade, e já solicitou a ajuda do Conselho Nacional de Educação para reforçar ainda mais o ensino do inglês.

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