Bárbara C. Branco procura grelhas para fazer redes

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Estava Bárbara a passar pela Avenida dos Aliados quando reparou nos empenhados jardineiros que, a partir de uma camioneta com um guindaste, tentavam deitar abaixo todas as pinhas dos pinheiros mansos. Uma forma de prevenir potenciais amolgaduras nos automóveis que dormitam naquela sombra. Perante aquele cenário, aprontou-se rapidamente a resgatar umas quantas, e, com ela, um outro senhor. "Para atear a lareira", dizia-lhe. Ao redor, um alvoroço de conselhos. "Apanhe as mais castanhas, essas é que são boas." Havia uma "falha", uma "rede que estava mal pensada", e os dois respigadores "reconectaram-na" — um princípio que Bárbara C. Branco aplica em toda a sua criação artística. "Eu gosto de brechas, de defeitos", admite. "Tento perceber alguns problemas. Tento procurar o porquê das falhas e gosto também de sugerir algumas alternativas." Licenciada em Artes Plásticas, durante a residência artística no 1.ª Avenida Bárbara dedicou-se à investigação de grelhas, a "unidade básica" de tanta coisa. Estudou os desenhos dos foguetes nas meias-calças, formou padrões com folhas A4 e pedras e desarranjou-os. No final, a "Grelha" passou a "Rede". "Depois da recolha da informação, criei conexões." Como com as pinhas. No 2.º andar, analisou a vista do edifício AXA para os Aliados, traçando no vidro uma malha que é reflectida no chão, numa impressão tridimensional da mesma paisagem; na entrada de Ramalho Ortigão, brincou com grelhas de metal e projectou-as; no piso 7, há uma intervenção à espreita. AR


O P3 acompanhou alguns dos jovens artistas que durante três meses estiveram em residência no projecto 1.ª Avenida, instalado no Edifício AXA, na Avenida dos Aliados, no Porto. Todos os trabalhos podem ser visitados até 29 de Setembro.