Porta-voz do PSD alega direito do partido de criticar o FMI

Divisões no PSD sobre críticas ao FMI.

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O porta-voz do PSD afirma que Passos não excluiu Marcelo da corrida Adruano Miranda

O porta-voz do PSD, Marco António Costa, defendeu na quinta-feira à noite que tem "maior liberdade" para falar da troika do que o Governo e reafirmou a crítica que fez ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

"A minha declaração de ontem [quarta-feira] foi enquanto porta-voz do PSD e reafirmo-a na totalidade", declarou o porta-voz do PSD aos jornalistas, no final de uma acção de campanha para as eleições autárquicas, na Covilhã.

"Aquilo que eu afirmei parece-me de uma clareza total e absoluta: se há uma instituição que produz relatórios, que nesses relatórios faz declarações piedosas acerca de determinadas matérias de enorme relevância para os países que estão sob resgate e se depois aquilo que nós encontramos não é consequente com o que está nos relatórios, não tenho dúvidas em afirmar que se trata de hipocrisia institucional", reiterou.

De acordo com Marco António Costa, "o PSD tem a liberdade de ser um partido com opinião própria relativamente a estas matérias", enquanto o Governo tem "uma conduta" de "reserva" enquanto decorrem as negociações com a troika.

"Eu tenho uma maior liberdade, na qualidade de porta-voz do PSD, de expressar aquele que é o pensamento do nosso partido relativamente a estes factos, objectivar, explicar o porquê, e acima de tudo, dar azo a uma explicação pública do nosso sentimento relativamente a estes factos", reforçou.

Questionado se o ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, estava a censurar a sua crítica ao FMI quando considerou que "é preferível não haver um nível de comunicação pública muito elevado" sobre a troika durante as avaliações do programa de resgate de Portugal, Marco António Costa contestou essa leitura.

Segundo o porta-voz do PSD, "o que se passou foi uma coisa completamente distinta": Jorge Moreira da Silva, "na qualidade de membro do Governo", apenas "expressou a sua reserva absoluta de se pronunciar" sobre negociações em que está envolvido.

"Não há nada de extraordinário, trata-se de uma conduta que eu próprio quando era membro do Governo cumpria, porque faz parte das regras institucionais que o Governo tem de garantir", alegou o ex-secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social.

Interrogado se o ministro da Economia, António Pires de Lima, não fugiu a esse princípio ao pedir "coerência" aos credores do Estado português, Marco António Costa respondeu que "os senhores ministros foram de uma sobriedade e de cautela total".

O social-democrata sustentou que a actuação "discreta" do Governo PSD/CDS-PP tem produzido resultados nas negociações com a troika.

Quanto à revisão ou não da meta do défice de 2014 de 4% para 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB), evitou antecipar um desfecho. "Acredito que o Governo manterá a linha que teve até hoje: discrição, eficiência e sempre defesa do interesse nacional", disse.

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