Argentina pede a Espanha que prenda três torturadores do franquismo

O governo de Madrid tem bloqueado a iniciativa da juíza de Buenos Aires que agora conseguiu um mandado da Interpol.

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Franco governou ESpanha entre 1939 e 1975 Reuters

A polícia espanhola vai deter três homens que eram conhecidos torturadores do franquismo. O jornal El País diz que se trata de uma ordem da Interpol que será cumprida mal chegue, tendo o mandado de captura sido pedido na Argentina pela juíza que abriu o processo judicial contra os que cometeram crimes durante a ditadura de Francisco Franco.

Os três homens pertenceram à polícia e são o antigo guarda civil Jesús Aguilar (agora com 74 anos), o antigo comissário José González e o ex-inspector José António Pacheco (67 anos), que era conhecido por Billy El Niño.

O processo contra os autores dos crimes do franquismo foi aberto em 2011 pela juíza de Buenos Aires María Servini du Cubría que, diz o jornal espanhol El País, esbarrou com a oposição do governo espanhol que tentou mesmo encerrar o processo.

O argumento usado por Madrid foi o de que o julgamento argentino não fazia sentido, pois corria na própria Espanha um processo judicial. Mas o juiz que abriu, em Madrid, o processo, Baltazar Garzón, foi suspenso e, em 2012, o Supremo Tribunal espanhol mandou encerrar o caso.

A juíza argentina tentou ouvir, via videoconferência, testemunhos das vítimas, mas o governo espanhol travou as audiências. María Servini du Cubría fez andar o caso contra os suspeitos por outras vias, insistiu no processo e conseguiu mandados de captura da Interpol, os que a polícia espanhola espera para prender os primeiros três suspeitos.

“Tenho pena que tenha que ser na Argentina e que Espanha tenha encerrado o processo, mas fico contente pelas vítimas e gostei que a juíza tenha classificado os crimes como actos de ‘lesa humanidade’", disse Baltazar Garzón, citado pelo El País. Em 1998, Garzón abriu o processo judicial contra o ditador chileno Augusto Pinochet, que foi preso em Londres e extraditado para Madrid e, depois para o Chile, onde morreu em 2006 sem ir a julgamento. 
 

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