OCDE continua a antecipar retoma da actividade económica em Portugal

Para as principais economias industrializadas de mercado, a OCDE projecta uma consolidação do crescimento económico.

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Com duas semanas de atraso, estivadores e operadores assinam contrato colectivo de trabalho Daniel Rocha

A prever uma expansão económica na zona euro, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) projecta para Portugal um movimento idêntico na actividade económica nos próximos meses. O mesmo prevê para Itália, Espanha, Irlanda e Grécia.

Nos indicadores avançados que divulgou nesta segunda-feira, a partir dos quais se retira apenas informação qualitativa, a instituição sedeada em Paris procura prever pontos de viragem nos ciclos económicos, tentando antecipar o comportamento da economia de um país dentro de seis a nove meses.

A curva do indicador relativo a Portugal mantém-se acima dos cem pontos (e em rota ascendente) desde Fevereiro, o que indica uma expansão da economia. Em Junho, estava nos 101,1 pontos e passou para 101,2 no mês seguinte.

Segundo a classificação da OCDE, quando se verifica um crescimento acima dos cem pontos, projecta-se uma expansão económica; quando os valores são decrescentes, mas continuam acima de cem, há uma perspectiva de desaceleração. Já perante valores crescentes, mas abaixo deste patamar, a OCDE projecta uma recuperação; se o valor estimado está abaixo de cem e registar uma queda, é projectada uma contracção da actividade.

A economia portuguesa interrompeu, no segundo trimestre, o período de recessão que durava há dez trimestres consecutivos, ao registar um crescimento de 1,1% entre Abril e Junho. Embora tenha progredido em relação ao trimestre anterior, com um crescimento das exportações e uma queda menos acentuada no consumo e no investimento, o Produto Interno Bruto (PIB) está 2,1% abaixo do período homólogo. O Governo prevê, porém, que 2013 seja ainda um ano de contracção (2,3%), seguindo-se um crescimento de 0,6% em 2014.

O executivo tem aproveitado o embalo dos últimos indicadores económicos para colocar a tónica em torno da recuperação económica, o que tanto Pedro Passos Coelho como Paulo Portas fizeram, no último sábado, nas respectivas convenções autárquicas, do PSD e CDS-PP. Na pele de líder dos sociais-democratas, em Vila Nova de Gaia, o primeiro-ministro fez a leitura do fim da recessão técnica no segundo trimestre e disse haver “boas razões para acreditar que o terceiro [trimestre] será de crescimento”. Ao que o líder centrista e vice-primeiro-ministro acrescentou, em Loures: “Aquilo que mais queremos poder dizer – e começa a haver sinais disso – é que, sim, [a economia] bateu no fundo depois do resgate e por causa do resgate, mas já de lá saiu, já começou a recuperar e já lá não voltará”.

OCDE em alta
Frágeis são também os sinais de recuperação da economia global. Embora com comportamentos divergentes entre as principais economias industrializadas de mercado, para o conjunto dos 34 países da organização prevê-se um movimento de consolidação do crescimento económico, com um desempenho em alta no espaço da moeda única.

Nas sete principais economias da OCDE (Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Alemanha, França, Itália e Canadá), o indicador estava em 100,8 pontos em Julho, mais 0,1 do que no mês anterior. Deste grupo, apenas França e Canadá estão com o indicador abaixo dos cem pontos, mas em sentido ascendente.

A dinâmica nos Estados Unidos e no Japão é a mesma, com os dois países a registarem o mesmo valor no índice (101,1 pontos). Abaixo está o valor relativo aos países da área do euro, nos 100,5 pontos (100,3 em Junho).

O Brasil, a China, a Índia e a Rússia (quatro países – BRIC – sobre os quais a OCDE também divulga dados) estão todos eles com o indicador abaixo de cem, sendo a Rússia o único país a registar uma perspectiva de recuperação.
 
 

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