Swaps da Egrep “não eram especulativos”, garante ex-presidente

João Vale Teixeira, que foi demitido na sequência desta polémica, diz estar a ser “alvo de críticas, acusações e execrações”.

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Daniel Rocha
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O ex-presidente da Egrep, que está a ser ouvido nesta quarta-feira no Parlamento e foi afastado do cargo pelo facto de uma auditoria do IGCP ter detectado a existência de um swap especulativo na empresa, garantiu que os derivados contratados “não eram especulativos”.

João Vale Teixeira, que liderou a Egrep entre 2004 e Junho deste ano, afirmou que “os contratos tinham como referencial a mesma taxa de juro aplicável aos financiamentos, a moeda era naturalmente a mesma desses financiamentos, o prazo também, a periodicidade dos pagamentos também, não se cogitava de variáveis extrâneas”, XXXXX concluindo que “as operações não eram especulativas”, mas sim “de cobertura de taxa de juro”.

O swap considerado problemático pelo IGCP foi comercializado pelo JP Morgan em 2008 e acumularia perdas potenciais de 174 milhões de euros em Junho deste ano. Este valor surge no despacho da então secretária de Estado, Maria Luís Albuquerque (hoje ministra das Finanças), que autoriza a liquidação do contrato, o que aconteceu a 6 de Junho, com um desconto de cerca de 30%. Foram pagos 122 milhões à instituição financeira para cancelar o derivado.

O gestor criticou o facto de ter sido mantido completamente afastado das negociações com o banco. “O processo pelo qual se converteu uma perda potencial em real não teve qualquer intervenção da Egrep. Como decorreu a negociação? O que esteve em discussão? Nada sabemos”, afirmou.

Vale Teixeira concluiu com duras críticas à actuação do IGCP, que disse ter “definido critérios de classificação” dos swaps, com base nos quais “elaborou uma lista de operações malditas, que leva à demissão de um grupo de proscritos, expostos ao vitupério público e com a sua reputação posta em causa”.

João Vale Teixeira afirmou ainda que o processo que conduziu à sua demissão não foi justo nem teve um mínimo de consideração pelas pessoas.

“Acho que o processo não devia ser conduzido assim. Mesmo que aceitasse que foi um processo justo há um mínimo de consideração a ter pelas pessoas”, disse.

O ex-presidente da EGREP explicou que foi informado a 31 de Maio da decisão do Governo de demitir os gestores públicos que tinham celebrado swaps considerados especulativos. “A interacção foi praticamente nula: a 31 de Maio às 18h36 foi quando me comunicaram a demissão”, disse, acrescentando que a decisão resultava de “um critério simples”.

Depois disso, contou, o secretário de Estado da Energia, Artur Trindade, garantiu-lhe que a demissão não resultava de “nenhuma avaliação negativa” ao seu desempenho à frente da EGREP. “Até pelo contrário”, acrescentou. “Não percebo as razões do processo, mas agradável não foi”, declarou.


 

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