RTP assinou 177 rescisões amigáveis entre cerca de 240 candidatos

Presidente do conselho de administração da Rádio e Televisão de Portugal (RTP) revelou que o operador público “precisa, no mínimo, de 200 milhões de euros por ano, para viver”.

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Alberto da Ponte cumpre quase um ano à frente do destino da RTP Enric Vives-Rubio

O presidente do conselho de administração da Rádio e Televisão de Portugal (RTP), Alberto da Ponte, revelou que a operadora pública negociou rescisões amigáveis com 177 trabalhadores do total de 240 candidatos. Numa entrevista conjunta à Antena 1 e ao Diário Económico, divulgada esta segunda-feira, o responsável falou na situação da empresa que tem em curso um Plano de Desenvolvimento e Redimensionamento (PDR) aprovado pelo Governo.

Nesta matéria, e segundo os excertos da entrevista enviados pela RTP à Lusa, Alberto da Ponte diz ainda que o processo de negociação ainda não terminou devido à indefinição financeira da empresa. “Ainda estão a ser negociadas as outras”, indicou, justificando que o prolongamento do processo está relacionado com “toda esta indefinição sobre o financiamento da empresa” para 2014. Comentou que este ano não estão em causa os salários ou os subsídios dos trabalhadores, porque “a execução orçamental tem sido feita com extremo rigor”.

“Nós estamos a poupar cinco ou seis milhões de euros”, precisou, acrescentando que sobre o próximo ano ainda estão a ser procuradas soluções com o Governo, acreditando que até ao próximo dia 20 serão encontradas. Alberto da Ponte disse ter “todos os indícios para pensar que isso vai ser conseguido” no sentido de garantir o futuro do operador público de rádio e televisão.

Relativamente à contratação da apresentadora Manuela Moura Guedes para o concurso “Quem Quer Ser Milionário”, Alberto da Ponte disse que, quando uma produtora sugeriu o nome à direcção de programas, fez as mesmas perguntas que “foram feitas em relação a José Sócrates”, ex-primeiro-ministro e actualmente comentador político naquele operador. “Devo dizer que partilho da opinião deles, e portanto não me repudiou aceitar, naquilo que me cabia aceitar, o nome de Manuela Moura Guedes.”

Manuela Moura Guedes começou por apresentar programas de entretenimento na RTP e depois passou para a direcção de informação, que continuaria depois na TVI, de onde veio a despedir-se depois da administração lhe ter cancelado o espaço informativo devido ao seu estilo polémico.

200 milhões de euros para subsistir
Num entrevista conjunta à rádio Antena 1 e ao Diário Económico, divulgada esta segunda-feira, Alberto da Ponte falou na situação actual da empresa, alvo de um Plano de Desenvolvimento e Redimensionamento (PDR) elaborado pelo Governo.

“A RTP tem de ter, forçosamente, para viver, umas receitas, no mínimo, da ordem dos 200 milhões de euros”, declarou Alberto da Ponte numa altura em que cumpre quase um ano à frente do destino da empresa.

O presidente da empresa disse ainda que precisa de acrescentar cerca de 20 milhões de euros aos cerca de 180 milhões oriundos das receitas provenientes da contribuição audiovisual e da publicidade. A partir de 2014, como está previsto no plano do Governo, a RTP vai deixar de receber uma indemnização compensatória, e o responsável considera que o serviço público a que a empresa está obrigada “está em perigo”.

“Estamos a tentar encontrar em conjunto com a tutela as soluções que permitam apetrechar a RTP com o financiamento necessário ao redimensionamento, e permitir executar com dignidade serviços tão importantes como o internacional”, indicou. O financiamento “terá de ser apenas as receitas resultantes da actividade comercial e das receitas derivadas da contribuição para o audiovisual”.

“Tudo o que vier depois de 20 de Setembro corre o risco de penalizar o PDR, aprovado pelo Governo”, alertou, apontando que este plano não foi delineado pela RTP. Os 20 milhões de euros a mais, segundo Alberto da Ponte, são necessários para assegurar “algumas obrigações fundamentais do serviço público que não estão no contrato de concessão actual, não estão cobertas pela contribuição para o audiovisual”.

Sobre esta matéria, o presidente do operador público de rádio e de televisão comentou ainda que a necessidade desses 20 milhões “não é surpresa para ninguém, porque no próprio documento do PDR refere-se que essas obrigações extra teriam de ser equacionadas”. De acordo com Alberto da Ponte, esta matéria tem estado a ser discutida com a tutela “num ambiente muito cordial, mas de debate frontal e honesto”.

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