Mulher de 64 anos nada de Cuba à Florida sem protecção contra tubarões

Diana Nyad é a primeira a fazer a nado, sem recurso a uma jaula de protecção, as 103 milhas que separam a ilha do continente. Demorou quase 53 horas.

Diana Nyad estabeleceu um recorde para a mais longa distância percorrida a nado em oceano sem protecção
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Diana Nyad estabeleceu um recorde para a mais longa distância percorrida a nado em oceano sem protecção ADALBAERTO ROQUE/AFP
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O momento da partida, do paredão da Marina Hemingway, em Havana YAMIL LAGE/AFP
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Norte-americana nadou 103 milhas, cerca de 166 quilómetros Andy NEWMAN/Florida Keys News Bureau/AFP
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Nyad tinha uma equipa de apoio com 35 elementos Andy NEWMAN/Florida Keys News Bureau/AFP
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À chegada a Key West, foram muitos os que esperavam a nadadora para a aplaudir Andrew Innerarity/Reuters
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Mais de 52 horas oceano obrigaram Nyad a receber tratamento médico na Florida Andrew Innerarity/Reuters

À quinta tentativa, Diana Nyad conseguiu mesmo atravessar a nado as 103 milhas (cerca de 166 quilómetros) que estão entre Havana, Cuba, e Key West, no estado norte-americano da Florida. E fê-lo como nunca ninguém o tinha feito: sem a ajuda de uma jaula que a protegesse de tubarões. Mas esse não é o único facto impressionante: Diana tem 64 anos.

Esta mulher nascida em Nova Iorque queria provar que “nunca é tarde para concretizar um sonho”, como escreveu no seu site. A primeira vez que tentou fazer este longo percurso a nado foi em 1978 (então com recurso a protecção contra tubarões). Voltou a fazê-lo em 2011, por duas vezes, e em 2012. Sem sucesso. Esta era, segundo dizia, a última vez que o faria.

No sábado, às 8h59 de Cuba, Diana Nyad mergulhou no Atlântico, do paredão da Marina Hemingway. Vestia apenas um fato especial. Para a proteger das medusas, que à noite sobem à superfície, usou ainda luvas, botas (não houve recurso a barbatanas em nenhum momento do percurso) e uma máscara que impedia que os temidos tentáculos destes seres aquáticos a atingissem nos olhos ou no nariz.

A nadadora tinha o apoio de uma equipa de 35 elementos, que a acompanhou ao longo de todo o percurso e a auxiliou nos momentos de paragem para descansar e se alimentar. Alguns deles eram mergulhadores, que se certificavam de que não existia qualquer tubarão nas redondezas (ou, de facto, qualquer outro predador).

A certa altura, chegou a temer-se que uma tempestade interrompesse a aventura, mas os ventos abrandaram. Para melhorar o cenário, uma corrente do Golfo ajudou a norte-americana a atingir uma velocidade média de 2,2 milhas por hora. O que possibilitou que, nesta segunda-feira, era 1h20 da tarde (hora local), Nyad estivesse a dar as últimas braçadas em direcção a Key West.

Demorou quase 53 horas a completar o percurso (os números oficiais são mais rigorosos: 52 horas, 54 minutos e 18,6 segundos). O USA Today diz que chegou à costa da Florida confusa e queimada do Sol, com espectadores a rodeá-la ainda na água. Alguns dos espectadores a aplaudir estavam caiaques e barcos, acrescenta a CNN. Na praia, uma equipa médica esperava pela nadadora para lhe prestar os primeiros cuidados necessários.

Ainda ofegante, de cara inchada, Nyad – que se destacou pela primeira vez em 1975, quando nadou em apenas oito horas as 28 milhas à volta da ilha de Manhattan – disse, segundo a ABC News: “Tenho três mensagens. A primeira é que nunca devemos desistir. A segunda é que nunca somos demasiado velhos para correr atrás dos nossos sonhos. E a terceira é que isto pode parecer um desporto solitário, mas é preciso ter uma equipa.”

Diana Nyad tornou-se assim na detentora do recorde mundial para o mais longo percurso feito a nado em oceano sem recurso a jaulas de protecção ou a barbatanas – que a sua equipa assegura que não foram usadas. No Twitter, o Presidente dos EUA, Barack Obama, deu os parabéns à norte-americana, rematando: “Nunca desistam dos vossos sonhos.”

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