Habitantes voltaram às casas, mas “aldeia vai ficar acordada com medo”

O incêndio na aldeia do Covelo, em Gondomar, ameaçou dezenas de casas, mas foi dado como dominado ao final do dia. Em Sever do Vouga as chamas também rondaram habitações e a A25 teve de ser cortada.

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As chamas que se viram neste domingo na aldeia do Covelo, no concelho de Gondomar, “chegaram a ter quatro, cinco metros”, uma casa desabitada ardeu e outras 15 habitações tiveram de ser evacuadas. Os seus habitantes – muitos em choque – abrigaram-se durante o dia no pavilhão gimnodesportivo, onde uma psicóloga lhes deu apoio. Ao final do dia, já quase só sobrava o fumo, mas o presidente da junta de freguesia, Silvino Pais, duvidava que alguém pregasse olho: “A aldeia vai ficar acordada, com medo que o fogo volte a pegar.”

O incêndio começou cerca das 10h com apenas uma frente, ao meio do dia tinha quatro frentes e, no local, avisava-se para a “situação complicada”. Pelas 20h já eram duas frentes e o comandante das operações de socorro, Elísio Oliveira, dava por controlado 50% do incêndio. “Acreditamos que nas próximas horas a situação estará resolvida”, disse aos jornalistas, sublinhando o enorme esforço das corporações de vários pontos do país mobilizadas. De acordo com o comandante das operações, pelas 20h havia ainda habitações em perigo na frente do incêndio entre a aldeia do Covelo e a Lixa. No local estavam 267 bombeiros, 75 veículos e sete meios aéreos. Nove pessoas receberam assistência e três foram transportadas para o hospital, casos sem gravidade, disse o comandante. Elísio Oliveira disse ainda que se registaram mais de 300 ocorrências, das quais 121 foram no distrito do Porto.

Ao final do dia, o fogo parecia abrandar, mas o presidente da Junta de Freguesia do Covelo dizia ao PÚBLICO que ainda não era possível sair da aldeia. As pessoas tinham regressado às suas casas, mas as vias continuavam cortadas. As chamas deram lugar ao fumo que ensombrava a povoação. Desolado, Silvino Pais disse suspeitar de fogo posto, uma vez que as chamas surgiram em vários locais ao mesmo tempo. 

Citado pela Lusa, o vereador da Câmara de Gondomar tinha afirmado aos jornalistas que em causa estavam as zonas com maior mancha florestal do concelho. “O vento é constante e está sempre a mudar de orientação e os focos de incêndio pulverizam-se”, disse. As chamas aproximaram-se também da Marina da Lixa, na foz do rio Sousa, onde se encontram várias embarcações, algumas das quais foram retiradas do local.

No resto do país, ao final da tarde, estavam activos 35 incêndios, mas a Protecção Civil dava destaque a seis deles. A seguir a Gondomar, o segundo de maior dimensão afectava o concelho de Sever do Vouga, distrito de Aveiro, onde estavam 96 operacionais no combate às chamas, além de 32 veículos e os dois aviões cedidos pelo Croácia. Este incêndio levou a um corte temporário da auto-estrada A25. O fogo esteve perto de habitações, mas encontrava-se dominado ao final da tarde, mantendo-se activa apenas a frente que avançava no sentido da povoação de Silveira, tendo sido controladas as duas outras frentes.

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