Santana Lopes quer responsabilizar câmaras por combate aos incêndios

O provedor da Santa Casa esteve na Universidade de Verão do PSD, que termina no domingo.

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Santana Lopes aproveitou para avisar os alunos a começarem reformas pessoais Nuno Oliveira

Pedro Santana Lopes disse que a solução para o problema dos incêndios está em atribuir mais poderes e competências às autarquias na prevenção e combate aos fogos. São as câmaras municipais que conhecem a região e podem actuar, não as estruturas do poder central, que não têm capacidade de intervir localmente, disse Santana Lopes em Castelo de Vide, na Universidade de Verão do PSD, a iniciativa que costuma marcar a reentrée política do partido.

“Considero que a melhor via para ultrapassar este destino que todos os Verões afecta Portugal é responsabilizar mais o poder local. Atribuir mais poderes, para realizar a limpeza das matas” e outras medidas preventivas, que têm de ser praticadas todo o ano, disse Santana, que veio, na qualidade de Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, dar uma aula sobre Intervenção Social em Tempos de Crise.
 
"Todos os anos vemos as matas a arder, e depois assistimos, na televisão, à troca de acusações entre as várias entidades, Protecção Civil, bombeiros, autarquias, etc. É simples”, concluiu Santana. “O presidente da câmara sabe qual é o seu território. E esse território não pode arder. Tem de criar equipas de jovens, de vigilantes, para limpeza das matas. Portugal não pode continuar a arder”.
 
Devem ser atribuídas mais competências aos autarcas, para poderem realizar estas tarefas, considera o provedor da Santa Casa. E depois responsabilizá-los. Agir contra os que não cumpriram. Fazer, todos os anos, uma lista dos autarcas mencionando a quantidade de hectares que deixaram arder. Os que deixaram arder mais e os que conseguiram poupar os seus concelhos. “Se cada presidente de câmara tiver receio das consequências, será mais eficaz na sua acção”.
 
Não vale a pena, disse ainda Santana Lopes, criar mais leis, planos. “Já temos redes locais e planos que cheguem. O que falta é meios e uma rede de comando que funcione”. Deveriam ser comprados mais aviões, em lugar de recorrer ao aluguer. “O investimento será amortizado com o que se poupa em vidas humanas e prejuízos materiais”.
 
Na Universidade de Verão do PSD, que decorre durante esta semana, Santana Lopes aconselhou ainda os 100 alunos, com idades entre os 16 e os 30 anos, a começarem a pensar em criar planos pessoais de poupança reforma. “Não acredito que vocês ainda vão beneficiar do actual sistema” de Segurança Social.
 
Respondendo a outras perguntas dos alunos, Santana foi dizendo que estamos numa boa altura para se realizar a revisão da Constituição (fazer propostas de revisão constitucional é um dos trabalhos que este ano são exigidos aos alunos). “Uma Constituição neutra e independente é uma ajuda para haver mais investimento, mais emprego”.
 
As declarações sobre os incêndios também surgiram na sequência de uma pergunta, sobre prevenção. Não de incêndios, mas da pobreza. A essa, porém, Santana Lopes não conseguiu responder. Deu o exemplo de um casal em que tivessem ficado ambos desempregados. “Não haveria nada que se pudesse fazer para prevenir isso. São situações criadas pela dinâmica do funcionamento da sociedade e da economia”.
 
Lição para os alunos da Universidade de Verão do PSD: o modelo de sociedade preconizado pelo partido não evita o surgimento da pobreza. Mas aconselha a ajudar os mais necessitados. Já no caso dos incêndios “é melhor prevenir do que remediar, como diz o povo”.
 
A Universidade de Verão do PSD continua até domingo.
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