Mulher de Bo Xilai depôs contra ele e ele chamou-lhe louca

Gu Kailai garantiu que mostrou ao marido, que está a ser julgado por corrupção, projecto de uma moradia em França que seria paga por um empresário.

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Depoimento passou pelo tribunal em vídeo e por escrito Marl Ralston/AFP

A segunda sessão do julgamento do antigo dirigente chinês Bo Xilai, 64 anos, acusado de corrupção, desvio de fundos e abuso de poder, ficou marcada pelo testemunho da mulher dele. Gu Kailai, 54 anos, julgada e condenada há um ano por homicídio, depôs contra o marido, dizendo que o ex-dirigente do PC chinês, caído em desgraça, sabia do dinheiro e da moradia na Riviera francesa que um empresário oferecera ao casal. Bo Xilai defendeu-se do testemunho incriminatório, dizendo que ela estava a ser coagida e que se encontra num “estado mental instável”.

O testemunho de Gu Kailai, condenada à morte (com pena suspensa) por ter mandado assassinar um empresário britânico em 2011, surgiu no início do dia no tribunal de Jinan, onde o marido negou na quinta-feira, no início do julgamento, ter aceitado subornos milionários. Defendeu-se também da acusação de desvio de dinheiro quando dirigia a cidade de Dalian, nordeste da China, e de abuso de poder, por supostamente ter tentado travar um inquérito judicial que visava a mulher.

Esta por sua vez, declarou agora ao tribunal que tinha mostrado o projecto de uma luxuosa moradia que seria paga por um empresário, Xu Ming. “Bogu Kailai mudou. Ela está louca, passou a mentir muitas vezes”, ripostou Bo Xilai, tratando a mulher pelo nome completo.

Bo foi em tempos uma das principais figuras do aparelho político chinês, mas caiu em desgraça no último ano e meio, acabando por ser expulso do partido na sequência do homicídio do empresário britânico Neil Heywood.

Em Novembro de 2012, o Comité Central do Partido Comunista Chinês anunciou a expulsão do antigo governador da província de Chongqing e em tempos figura promissora do aparelho político do país. A expulsão de Bo Xilai do PCC e do Politburo (o segundo mais importante centro de decisões da política chinesa, a seguir à Comissão Permanente) foi vista como um escândalo quase sem precedentes na história política da China e como a maior crise que o partido no Governo enfrentou desde o massacre na Praça Tiananmen, em 1989.

Antes da expulsão do PCC, Bo Xilai já tinha sido afastado da liderança do secretariado do partido na província de Chongqing, no dia 14 de Março.

 

 

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