PCP diz que dados confirmam que país “continua em recessão”

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“Trata-se de uma operação inaceitável e única na Europa”, disse Jerónimo de Sousa a propósito da possível concessão da RTP Enric Vives-Rubio

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou que os dados da execução orçamental hoje conhecidos confirmam que o país “continua em recessão económica”, apesar de o Governo ter arrecado mais receita fiscal.

Jerónimo de Sousa falava à margem de uma acção de campanha autárquica que decorreu na freguesia da Boidobra, Covilhã.

“É preciso em primeiro lugar e em relação aos impostos indirectos percebermos que continuamos em recessão económica. Aquilo que são as receitas ligadas ao aparelho produtivo caíram”, afirmou, em declarações aos jornalistas.

O secretário-geral do PCP deu os exemplos do decréscimo das receitas do IVA e do consumo de combustíveis para sustentar que o “Governo não tem motivos de regozijo”.

Para Jerónimo de Sousa, não há dúvidas que o aumento da receita fiscal (mais 7,6% relativamente ao mesmo período de 2012) foi alcançado “à custa dos rendimentos de quem trabalha”.

“O Governo consegue a fatia de leão no IRS, graças aos duros sacrifícios e aos impostos pesados que são aplicados àqueles que trabalham”, justificou.

Jerónimo de Sousa manteve a tese de que as medidas que têm sido aplicadas pelo Governo “não resolvem o problema da dívida pública”.

Quanto ao défice, que até Julho deste ano registou uma melhoria de 486,2 milhões de euros, o secretário-geral do PCP admite que em 2014 também “possa haver uma redução”, mas reiterou que esta só será alcançada “à custa sempre, sempre dos mesmos”.

“Este é que é o problema central. Não se pode querer resolver o problema do défice ou da dívida sem produzir mais, sem criar mais emprego, sem criar mais aparelho produtivo”, acrescentou.

Jerónimo de Sousa reiterou ainda que considera que o adiamento das próximas avaliações da troika – que alguns jornais dizem que não estarão concluídas antes das autárquicas de 29 de Setembro – não aconteceu “por acaso”.

“Não querem que os portugueses conheçam, antes das eleições, o que aí vem”, acusou, antes de voltar a defender a “total rejeição” do que apelida de “pacto de agressão”.

Segundo dados hoje divulgados pela DGO o défice da Administração Central até Julho deste ano registou uma melhoria de 486,2 milhões de euros face ao mesmo período de 2012, excluindo as operações extraordinárias registadas até Julho de 2012.

De acordo com a síntese de execução orçamental de Julho, publicada hoje pela Direcção-Geral do Orçamento (DGO), o saldo da Administração Central situou-se nos -5520 milhões de euros, o que compara com um défice de 3384,5 milhões verificado no mesmo período de 2012, ou seja, uma deterioração superior a dois mil milhões de euros.

No entanto, estes valores estão influenciados por operações de carácter extraordinário que ocorreram nos primeiros sete meses de 2012 e que impedem a comparabilidade entre os dois períodos.

Ainda de acordo com a DGO, o Estado arrecadou mais de 19 milhões de euros em impostos até Julho deste ano, um aumento de 7,6% face ao mesmo período de 2012 e acima da estimativa do Orçamento Rectificativo.

 
 

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