Wikileaks exige demissão de jornalista da Time que sugeriu assassinar Assange

Michael Grunwald afirmou no Twitter que estava ansioso por escrever um artigo de defesa a um ataque de drone contra Julian Assange. Já pediu desculpa.

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Julian Assange está desde Junho de 2012 na embaixada do Equador em Londres sob asilo político Suzanne Plunkett/Reuters

"Mal posso esperar para escrever a defesa de um ataque de drone que acabe com Julian Assange.” Michael Grunwald, jornalista sénior da revista norte-americana Time, sabia que esta mensagem, publicada no Twitter na tarde deste sábado, seria polémica. Mas parece não ter antecipado a onda de indignação que provocaria ao sugerir matar o fundador do Wikileaks.

As respostas ao tweet de Grunwald multiplicaram-se. Foram muitos os utilizadores que condenaram o teor da mensagem, que demonstraram surpresa pela posição pública do jornalista ou que reagiram de forma violenta. Grunwald acabou por apagá-lo. Retractou-se? Não de imediato. Primeiro, deu a entender que o apagaria para não dar armas ao inimigo.

“O meu principal problema com isto é que dá aos apoiantes de Assange um belo e seguro complexo de perseguição para se esconderem dentro dele”, tweetou o investigador Bob Hooker, em resposta a Grunwald. O jornalista concordou: “Bem visto. Vou apagar”. Foi a primeira reacção pública desde o início da polémica.

O pedido de desculpas surgiu cerca de 40 minutos mais tarde: “Foi um tweet idiota. Sinto muito. Mereço a reacção violenta. (Talvez não o material anti-semita, mas o resto fui eu que o pedi.)” Nada que tivesse estancado a torrente de reacções.

Nos dez minutos que se seguiram o jornalista – que cobre assuntos de carácter nacional nos EUA – voltou a classificar a mensagem original como “idiota” por duas vezes. No último tweet da tarde, refere que Blake Hounshell, subdirector do Politico – jornal que não integra o grupo da Time, a Time Warner –, lhe disse que tinha sido “estúpido” ao fazer o comentário.

O incidente poderia ter ficado por aqui. Contudo, o Wikileaks não ficou contente com o pedido de desculpas de Grunwald, muito menos que este tenha decidido apagar a mensagem. A organização publicou uma imagem com o tweet do jornalista – que, só através da página da organização no Facebook, já foi partilhada centenas de vezes – e exigiu à Time que o demitisse.

“Escrevemos à revista Time a pedir a demissão de Michael Grunwald. A Time precisa de mostrar que jornalistas a pedir o assassinato de outros jornalistas, ou, de facto, de quem quer que seja, nunca é aceitável”, lê-se na nota do Wikileaks, que nos últimos anos tem sido responsável pela divulgação de documentos confidenciais que denunciam violações dos direitos humanos e crimes de guerra, sobretudo por parte dos EUA.

Julian Assange, actualmente com 42 anos, fundou o site no final de 2006. O australiano está desde Junho de 2012 na embaixada do Equador em Londres sob asilo político, evitando assim ser extraditado para a Suécia, onde é acusado de um crime de violação e outro de abuso sexual. O activista diz temer ser posteriormente extraditado da Suécia para os EUA, para ser julgado por espionagem.

A Time não tomou qualquer posição pública até ao momento.

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