BlackBerry estuda opções, incluindo a venda da empresa

Companhia canadiana, que tem vindo a perder quota de mercado, formou comité para avaliar alternativas estratégicas.

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Leon Neal/AFP

Vender a empresa, fazer parcerias ou associar-se a outras companhias. São estas as opções que estão em cima da mesa para a BlackBerry, que anunciou nesta segunda-feira a formação de um comité para estudar opções estratégicas.

“Acreditamos que agora é o momento certo para explorar alternativas estratégicas”, disse, citado pela BBC, Timothy Dattels, membro da administração que vai presidir ao novo comité. O anúncio da criação do novo comité coincidiu com a demissão de Prem Watsa da administração da BlackBerry. Watsa é o representante da Fairfax Financial, a maior accionista da empresa.

O analista da IDC Francisco Jerónimo considera que a notícia desta segunda-feira torna "claro" que a BlackBerry esteve à procura de um comprador e não conseguiu encontrar interessados. "Nunca disseram publicamente que estavam à procura, agora estão a dizê-lo". Jerónimo classifica este anúncio como um "erro estratégico de relações públicas", porque retira confiança tanto a clientes do segmento de consumo, como aos do segmento empresarial, um mercado que é particularmente importante para a fabricante canadiana, agora que a generalidade dos consumidores está voltada para o iPhone e para os muitos Android.

A empresa quer encontrar formas de aumentar as vendas dos equipamentos com BlackBerry 10, o mais recente sistema operativo da fabricante, revelado em Janeiro, depois de sucessivos atrasos, e que equipa três modelos da marca, dois dos quais com teclado físico. O sistema recebeu críticas positivas, mas as vendas têm sido lentas.

A BlackBerry, cujos telemóveis ficaram conhecidos sobretudo pelo teclado físico e pelo sistema de mensagens, está a ter dificuldades em adaptar-se à era dos smartphones com ecrã sensível ao toque, cujo mercado é dominado pela Apple e pelos Android. De acordo com a analista IDC, no primeiro trimestre deste ano, os BlackBerry cederam o terceiro lugar aos telemóveis com Windows Phone, situação que se manteve no segundo trimestre, quando a plataforma da fabricante canadiana tinha uma quota de mercado de 2,9% contra 3,7% do sistema da Microsoft, que é usado por vários fabricantes, mas cujas vendas são sobretudo modelos da Nokia.

Em Maio, a BlackBerry criou uma aplicação para passar a disponibilizar o sistema de mensagens para utilizadores de iOS e Android.

A empresa, que abandonou o nome Research In Motion, comunicou na última apresentação de resultados 84 milhões de dólares de prejuízos (63 milhões de euros) relativos aos três meses que terminaram a 1 de Junho e receitas de 3100 milhões de dólares (2300 milhões de euros).

Ao final da tarde, as acções subiam mais de 10%, tanto no nova-iorquino Nasdaq, como na Bolsa de Toronto, já que uma eventual venda implicará a compra de acções. 

Artigo corrigido às 19h26: os telemóveis com BlackBerry 10 foram revelados no final de Janeiro, não em Fevereiro, como estava escrito.

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