CAM and see!

Os museus são espaços normalmente amplos e frescos, onde os crescidos saciam a sua sede pela arte, enquanto os pequeninos entretêm e educam o olhar... ou dormem uma sesta

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Pedro Soenen

Domingo de Verão, muito calor na cidade, mas vontade de sair de casa: qual é o melhor programa “adulto” que sirva também para a Guadalupe? Os museus são a resposta natural. Espaços normalmente amplos e frescos, onde os crescidos saciam a sua sede pela arte, enquanto os pequeninos entretêm e educam o olhar... ou dormem uma sesta.

E quando a necessidade cultural se junta à gratuitidade dominical, tanto melhor!

De manhã, ainda em fresh mood, decidimos tomar o pequeno-almoço na cafetaria do CAM (Centro de Arte Moderna), na Gulbenkian. O sortido é variado mas o maravilhoso Cup de Fruta tem lugar de destaque, sendo o único sumo que se mastiga que eu conheço e aconselho.

Claro que com um carrinho de bebé, nenhuma mamã tem a vida facilitada: temos de percorrer um balcão, empurrando o tabuleiro com uma mão enquanto que com a outra tentamos do outro lado do corrimão empurrar o carrinho... Grande ginástica matinal! Finalmente sentámo-nos, mas com as novas portas de acesso ao jardim/esplanada, a corrente de ar era impossível e mudámos de mesa... mas o resultado foi o mesmo. Uma má solução, especialmente no Inverno quando tudo o vento levará, tal como no filme. De barriguinhas cheias, aventurámo-nos pela exposição adentro. Em comemoração dos 30 anos do CAM, pudemos usufruir da exposição ‘Sob o signo de Amadeo. Um século de arte’, onde grandes obras-primas do Modernismo invadem todo o espaço do museu. É uma exposição ambiciosa e diversificada, mas que consegue cumprir o seu objectivo, no confronto de obras históricas com mais recentes de arte moderna e contemporânea, com Amadeo de Souza-Cardoso como ponta de lança.

À laia de pormenor, a pequena Lupe adorou especialmente a obra de João Onofre, um vídeo intitulado ‘Untitled (n’en finit plus)’, onde uma jovem rapariga canta em francês uma doce melodia em loop, que ecoa de forma quase hipnótica pelo espaço circundante. Estimulada pelos sons e formas que desafiavam a sua percepção, a pequena estava tão desperta que parecia disposta a percorrer todo o museu de gatas! Tive de a apanhar ao colo e, sentadas num banco corrido, dei-lhe mama. Confirmei que um museu é um local ideal para uma pausa no reboliço do quotidiano maternal. É tão bom aninhar a nossa menina enquanto apreciamos peças de arte com o tempo que merecem. Foi remédio santo, acalmou e seguimos caminho. A exposição preenche os três pisos do edifício, mas com o auxílio inestimável de um elevador, conseguimos ver tudinho.

Depois de um longo e satisfatório percurso, chegou o momento Mom-Alert: fralda carregada e bem cheirosa! Fui inquirir a senhora segurança sobre a existência de um fraldário e com muita pena lá me respondeu que havia de facto um no WC feminino, mas para lá chegar seria necessário descer uma escada de caracol... Mas a simpatia foi tanta que deixámos perto dela o nosso carrinho e fomos mudar a lingerie. Foi uma andança e tanto e a Guadalupe deleitou-se, caso contrário não teria acabado por adormecer docemente no embalo da arte.

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