Consulado dos EUA no Paquistão evacuado em plena vaga de atentados

Departamento de Estado fala em "ameaças específicas" contra a representação. Novo atentado em Quetta fez nove mortos.

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Quetta foi a cidade mais atingida pela violência dos últimos dias Banaras Khan/AFP

Os Estados Unidos decidiram evacuar o consulado em Lahore, “citando ameaças específicas” contra a representação diplomática na segunda maior cidade do Paquistão, país onde a mais importante festa do calendário muçulmano está novamente a ser marcada pela violência. Nesta sexta-feira, homens armados atacaram fiéis que saíam de uma mesquita sunita, provocando pelo menos nove mortos.

A ordem de retirada abrange todos os funcionários do consulado, que foram já transferidos para Islamabad, com excepção de um pequeno grupo que permanecerá em Lahore para assegurar questões de emergência.

O Departamento de Estado voltou também a desaconselhar todas as viagens “não-essenciais” ao Paquistão, recordando que “a presença de vários grupos terroristas nacionais e estrangeiros representa uma ameaça potencial para os cidadãos americanos em todo o país”.

A evacuação do consulado acontece uma semana depois de os Estados Unidos terem encerrado mais de duas dezenas de embaixadas e consulados no Médio Oriente e Norte de África, na sequência da intercepção de mensagens de altos responsáveis da Al-Qaeda. Inicialmente o fecho deveria ter acontecido apenas no domingo – dia citado em algumas dessas comunicações como potencial data para um ataque – mas o Departamento de Estado decidiu que 19 das representações só iriam reabrir no sábado, depois do Id a-Fitr, festa de três dias que assinala o fim do Ramadão.

Os EUA asseguram, no entanto, que as duas decisões não estão relacionadas. “Recebemos informações relativas a uma ameaça contra o nosso consulado e, por precaução, decidimos evacuá-lo”, disse a porta-voz da embaixada americana em Islamabad, Meghan Gregoris, citada pela AFP.

A segunda maior cidade do Paquistão, com 12 milhões de habitantes, tem sido muito menos atingida pela catadupa de atentados que nos últimos anos martiriza o Paquistão, ao contrário do que acontece com a metrópole de Carachi (Sul) – campo de batalha entre diferentes feudos políticos, étnicos e religiosos – ou de Peshawar e Quetta (Sudoeste), assombradas pela violência de extremistas, entre eles os taliban paquistaneses.

Foi precisamente em Quetta que aconteceu, quinta-feira, o pior incidente no Paquistão desde o início do Id al-Fitr, quando um suicida se fez explodir durante as cerimónias fúnebres de um comissário da polícia que tinha sido morto horas antes. O ataque, reivindicado pelos taliban, provocou 38 mortos, entre eles 21 polícias.

Já nesta sexta-feira, quatro homens armados dispararam contra os fiéis que saiam da mesquita Al-Farooqia, à saída da cidade. Nove pessoas morreram e entre os 15 feridos há várias crianças, adiantam as autoridades locais, admitindo que o ataque teria como alvo Ali Madad Jatak, um antigo ministro do governo provincial e dirigente do Partido do Povo do Paquistão (PPP), o partido secular que dominou durante décadas a vida política do país e que é um dos principais alvos dos taliban. O carro do dirigente foi atingido pelos disparos, mas ele saiu ileso do ataque.
 

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