Internacionalização do sector do mobiliário exige cooperação e voz única

Um estudo da Faculdade de Economia da Universidade do Porto recomenda uma “reordenação do tecido associativo”.

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Manuel Roberto

O sucesso da internacionalização do sector português do mobiliário depende de uma “maior cooperação” entre empresas e da criação de “uma única associação” representativa, defende um estudo da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) divulgado nesta segunda-feira.

Encomendado pela Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (APIMA), o trabalho focou-se na internacionalização e promoção internacional do sector e visava a elaboração de um Livro Branco para orientar a actividade.

Contudo, segundo a FEP, “não foi possível atingir” este objectivo devido “ao contexto de crise e à luta pela subsistência por parte das empresas”, que determinaram uma “ausência de consenso e de visão integrada sobre o futuro do sector”.

Ainda assim, o estudo chega a algumas conclusões, entre as quais se destaca a relevância estratégica do sector do mobiliário e colchoaria para a internacionalização da economia portuguesa e o “bom desempenho” das empresas, traduzido no aumento das exportações sectoriais.

Isto, nota, apesar de o início do processo de internacionalização do sector ter sido “mais reactivo do que sistematizado e planeado”.

Das conclusões do trabalho ressaltam ainda duas questões centrais: a necessidade de “um maior envolvimento das empresas com o associativismo” e a “resolução da questão central da representatividade”.

“A concretização do potencial do sector de mobiliário e colchoaria carece de maior cooperação entre as empresas, no desenvolvimento de uma visão partilhada e estratégica para o sector”, defende a FEP, apontando como “factor crítico de sucesso a intensificação de esforços no domínio da cooperação interempresarial”.

Paralelamente, a faculdade recomenda uma “reordenação do tecido associativo”, considerando que “uma única associação, um único representante do sector”, é outro “factor crítico de sucesso” na internacionalização da actividade.

A esta associação única a FEP diz caber a “mediação e concertação entre pares”, o “poder de ‘lobby’ e influência junto dos decisores de políticas públicas”, a “criação de projectos sectoriais agregadores que reforcem a competitividade do colectivo” e a “negociação centralizada para aquisição de produtos e serviços” para os associados, entre outros aspectos.

Salientando que cabe às empresas dinamizar esta reestruturação associativa, o trabalho aponta como possibilidades ou a escolha de uma associação já existente, “melhorando o seu poder de gestão e representatividade”, ou a criação de uma nova entidade.

“A internacionalização e a promoção internacional do sector como um todo terão efeitos positivos na economia sectorial e nacional. Para que isso se verifique, reiteramos, será necessário aumentar a escala de cooperação existente”, conclui a FEP.

No âmbito da recomendada intensificação da cooperação entre empresas “para dar início a um novo e necessário ciclo de internacionalização”, a faculdade ressalva ser “fundamental identificar as áreas em que a acção concertada poderá gerar valor para todo o sector e as áreas em que a acção individual não comprometa o seu desenvolvimento”.

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