Estudo revela que Alemanha Ocidental promovia o uso de doping

A pesquisa intitulada “Doping na Alemanha de 1950 até hoje” foi realizada pela Universidade Humboldt.

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A República Federal da Alemanha (RFA) promoveu durante décadas o uso de substâncias dopantes nos seus atletas com a conivência de políticos e a cobertura de dirigentes desportivos, revela um estudo realizado pela Universidade Humboldt, de Berlim.

A pesquisa, intitulada “Doping na Alemanha de 1950 até hoje”, foi tornada pública nesta segunda-feira, e revela a existência de doping sistemático e organizado na Alemanha Ocidental desde, pelo menos, o início dos anos 70.

No texto, de 800 páginas, os historiadores da Universidade Humboldt detalham o sistema de doping financiado e desenvolvido pelo governo alemão desde os tempos da Guerra Fria, destacando que terão sido gastos 10 milhões de marcos (cerca de 5 milhões de euros) nas pesquisas desenvolvidas nos centros de medicina desportiva em Friburgo, Colónia e Saarbrücken.

Segundo o estudo, os atletas eram instruídos a não tomar anabolizantes na véspera do início das competições, de forma a evitar acusar positivo nos testes e, só nos Jogos Olímpicos de 1976, teriam sido injectadas 1200 doses do dopante "Kolbe", baptizado com o nome do remador alemão Peter-Michael Kolbe.

O texto revela que o sistema não teria sido organizado como resposta ao uso habitual de doping pela Alemanha Oriental na época, mas sim desenvolvido de forma paralela e que os políticos não só toleravam, mas também incentivam o uso de doping. Antes das Olimpíadas de 1972, realizadas em Munique, membros do governo alemão terão feito pressão sobre os médicos desportivos para que o balanço de medalhas fosse melhorado.

 

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