“Fábricas” de cliques criam falsa notoriedade nas redes sociais

Programa de televisão britânico revela existência de empresa que, no Bangladesh, cobra 15 dólares por cada mil "likes". Quem os faz ganha um dólar.

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O "like" parece estar a tornar-se um negócio e uma forma de exploração Kimihiro Hoshino/AFP

O clique que os utilizadores das redes sociais fazem na opção “Gosto”, ou “Like”, no Facebook, e a opção por seguir alguém, ou alguma entidade, no Twitter, está a tornar-se um negócio de criação de notoriedade, com fins comerciais. E uma forma de exploração.

Uma reportagem a emitir na segunda-feira pela televisão britânica Channel 4 mostra que “fábricas de cliques” estão a falsear os resultados registados por ferramentas que podem medir a aceitação de determinado produto online

O que pode minar a confiança dos consumidores e os esforços das empresas proprietárias das redes sociais para explorarem o seu potencial publicitário.

Com o trabalho especial de uma hora – “Celebs, Brands and Fake Fans” –, o Channel 4 promete evidenciar a manipulação das redes sociais em benefício de grandes marcas ocidentais. 

A investigação, a emitir no programa Dispatches, revela, segundo o jornal Guardian, o caso da existência, em Daca, no Bangladesh, de uma “fábrica”  que cobra aos clientes 15 dólares por cada mil “likes” (cerca de 11,30 euros, ao câmbio actual). A equipa do programa encontrou o “gerente” da empresa, identificado como “Russell”, que já se gabou de ser o “rei do Facebook”.

Para ganhar um dólar (cerca de 75 cêntimos de euro), os contratados precisam fazer mil “likes”, ou seguir mil pessoas ou entidades no Twitter.  Ao fim de um ano, de acordo as informações antecipadas pelo Guardian, podem não ganhar mais de 120 dólares (pouco mais de 90 euros).

Um caso de notoriedade conseguida com falsos “likes”  é o de uma página de curgetes que se destacou nas redes sociais, entre dezenas de outras páginas de curgetes.

O jornal britânico ilustra a importância dos “likes”: antes de tomarem decisões de compra, 31% dos consumidores consultam “ratings” de visitas e de “likes”.

“Há um desejo real das empresas de reforçarem a sua presença nas redes sociais, e de em resultado disso encontrarem novos clientes”, disse um consultor, Graham Cluley.

Sam De Silva, advogado especializado em tecnologias de informação e leis de subcontratação, na firma Manches LLP, de Oxford, considera que os falsos cliques “potencialmente violam várias leis – de protecção do consumidor e concorrência desleal”.
 
 

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