Blogues literários: o que são?

E que tal preparar entrevistas aos autores? Trabalhoso? Claro que sim, mas se é por gosto, porque não fazê-lo?

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Muitas vezes pergunto-me o que são afinal este tipo de blogues: o que são?


Imagine um serviço de leitura solitária, ou com uma equipa, que lê livros, opina sobre os mesmos e faz concursos onde o leitor pode ganhar um exemplar do livro X ou do Y — será mesmo isto? Sim e não.


Um “verdadeiro” blogue existe para além disto, afinal não estamos a falar de coleccionares de livros, através de parcerias com editoras, embora seja isso que aconteça em muitos destes blogues; quem está pode detrás pretende, certamente, enriquecer a sua biblioteca privada e muitas vezes sem uma verdadeira crítica, com principio, meio e fim, e uma entrevista ao autor do livro.


Sim, porque ler é um prazer, mas quem o faz como o passatempo, “pro bono” — sem auferir qualquer rendimento —, pode cansar-se, mas há que ir mais longe, muito mais.


Outra situação que me faz alguma confusão é a necessidade, quase "in extremis", de alguns responsáveis por estes blogues, quererem apenas livros físicos — já ouviram falar de livros digitais? É claro que algumas editoras começam a olhar esta situação com desconfiança — confesso que eu olharia.


Quem se dedica de corpo e alma, lê os livros, independentemente do formato; sim, porque não sente qualquer necessidade de afirmação, o objectivo não é enriquecer a biblioteca particular usando as editoras, mas sim veicular a sua opinião, devidamente fundamentada e articulada, sobre um autor, uma obra. É preciso responsabilidade, porque este trabalho além de nobre, senão altruísta — quando é assim efectuado — além de nos enriquecer culturalmente, é uma forma de difundir a cultura, nomeadamente os autores portugueses.


Sim, os autores portugueses, porque uma “franja” destes blogues dedicam-se a autores estrangeiros, o que quanto a mim além de ser desinteressante, com o devido respeito pelos mesmos — salvo algumas excepções —, não ajuda, de todo, dar a conhecer ao grande público quem mais precisa: autores de língua portuguesa desconhecidos, ou menos conhecidos — são estes que têm falta da grande máquina que é o marketing.


E que tal preparar entrevistas aos autores?


Trabalhoso? Claro que sim, mas se é por gosto, porque não fazê-lo? Além de criar uma maior proximidade entre quem lê e o autor do livro, irá fazer com que o público em geral consigo entender, ver, saber pormenores — que de outra forma não teria acesso —, antes mesmo de ler o livro.


Serviço comunitário?


Digamos que este passatempo “rouba” tempo pessoal, mas preenche-nos a alma, e quando bem feito é simplesmente orgásmico.
E os coleccionadores de likes / gostos ?


Sim, efectivamente existe também esta “franja”. São uma espécie de críticos que fazem um par de parágrafos sobre o livro e acham que é através de passatempos que divulgam a cultura; claro está que o número de likes / gostos aumenta grandemente a cada passatempo realizado, é um facto. Mas será que é isso que os leitores pretendem?


Claro que é bom ganhar um livro respondendo a um par de perguntas simples, faz parte da dinâmica destes blogues, agora fazer isso a “arma de arremesso” para aumentar o número de visitas e considerarem-se os melhores entre os melhores, isso não: não, de todo que não: discordo!


E que tal apostar mais nos autores nacionais, conhecidos e desconhecidos, fazer um trabalho idóneo e o mais profissional possível?
Vamos a isso?

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