Twitter sob pressão no Reino Unido para facilitar denúncias de abusos

Mulher que fez campanha pela presença de mulheres nas notas do país foi várias vezes ameaçada de violação.

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Criado-Perez (à direita) com o governador do Banco de Inglaterra, na apresentação da nota com o rosto de Jane Austen Chris Ratcliffe/Reuters

O Twitter está a ser pressionado no Reino Unido para facilitar aos utilizadores as denúncias de mensagens abusivas. Mais de 30 mil pessoas assinaram uma petição lançada por uma feminista que participou na recente campanha para imprimir o rosto de mulheres em notas e que foi repetidamente ameaçada de violação naquela rede online.

De acordo com a petição online, Caroline Criado-Perez, de 28 anos, foi “repetidadamente alvo de ameaças de violação”. A petição pede que o Twitter crie um botão que permita a denúncia de mensagens.

Criado-Perez, que se define no Twitter como jornalista freelance e “feminista furiosa”, publicou uma mensagem na tarde deste domingo a dizer que ia prestar declarações à polícia por causa das ameaças que recebeu, depois de uma passagem por um noticiário televisivo para falar do assunto. “Espero que todos os homens que me ameaçaram vejam isto”, lia-se na mensagem. Ao final da tarde, a BBC dava conta de que um homem de 21 anos tinha sido detido pelas autoridades por suspeita de ter escrito ameaças no Twitter.

A feminista foi uma das principais responsáveis pela campanha para que o Banco de Inglaterra colocasse mais mulheres nas notas do país. A campanha argumentava que as mulheres não estavam suficientemente representadas, depois da decisão do banco de substituir nas notas de cinco libras o rosto de Elizabeth Fry (uma mulher que motivou várias reformas sociais na Inglaterra do século XVIII, incluíndo no sistema prisional) pelo antigo primeiro-ministro Sir Winston Churchill, fazendo com que a rainha Isabel II fosse o único rosto feminino. O Banco de Inglaterra acabou por anunciar que vai imprimir o rosto da novelista do século XIX Jane Austen nas notas de dez libras.

Alguns utilizadores propuseram um boicote de um dia ao Twitter na sequência das ameaças a Criado-Perez e houve figuras públicas que se juntaram aos protestos, incluíndo uma deputada trabalhista, Stella Creasy, que assinou a petição e condenou publicamente as ameaças online.

O responsável pelo site no Reino Unido, Tony Wang, prometeu suspender todas as contas que violem as regras de utilização. “Encaramos os abusos online de forma muito séria”, escreveu Wang, avançando que a empresa está a testar formas de simplificar as denúncias de comportamentos abusivos.

O Twitter já tem uma funcionalidade que permite denunciar utilizadores por spam e um formulário para apresentar queixas por comportamentos abusivos.

Notícia actualizada: acrescentada a informação relativa à detenção feita pelas autoridades.

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