Prémio BES Revelação já tem vencedores

Diogo Evangelista, Nádia Rodrigues Ribeiro e André Romão são os vencedores deste prémio para jovens artistas.

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Projecto de Nádia Ribeiro DR
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Projecto de André Romão DR
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Projecto de Diogo Evangelista DR
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Projecto de Diogo Evangelista DR

Os três vencedores vão receber uma bolsa de 7500 euros cada para produzir as obras para uma exposição que será apresentada no Museu de Serralves em Outubro. Diogo Evangelista, Nádia Rodrigues Ribeiro e André Romão, com projectos sobre a memória e o tempo, são os vencedores da edição de 2013 do Prémio BES Revelação.

O júri deste ano, que fez uma escolha por unanimidade, foi composto por Guillaume Désanges, curador independente que trabalha em Paris, Marina Fokidis, directora da Kunsthalle Athena, em Atenas, Nav Haq, curador no MHKA, Antuérpia, e Filipa Ramos, curadora independente portuguesa que trabalha e vive entre Londres e Milão. O prémio, entregue anualmente pelo Banco Espírito Santo e pela Fundação de Serralves, premeia artistas até aos 30 anos.

Diogo Evangelista (n. 1984) apresentou a concurso um projecto de vídeo, falsamente documental, em que parte de imagens fotográficas de cariz científico, bem como de material impresso e vídeos, para reflectir sobre os "arquétipos de deserto, sonho, ilusão, utopia e paraíso", diz o artista citado pelo comunicado de Serralves. "A ideia parte de uma descoberta que a NASA fez há pouco tempo. Descobriram solo do planeta Marte em algumas ilhas do planeta Terra", explica Diogo Evangelista ao PÚBLICO. O artista usa imagens retiradas de fontes como o Youtube, manipula-as e organiza-as em vídeo para comparar a forma como os planetas se organizam no universo com a forma como as ilhas se organizam no planeta terra. 

Estas imagens são descontextualizadas e produzem uma nova história, associando "o planeta Marte a um paraíso perdido, representado pelas ilhas de Mauna Kea, no Havai, Faial, nos Açores, Nova Guiné, na Indonésia e Lanzarote, nas Ilhas Canárias".  O vídeo a apresentar em Outubro será exibido em diversos ecrãs simultaneamente. "A questão é se é possível reproduzir Marte na Terra e a vida na Terra em Marte", diz o artista.

Nádia Rodrigues Ribeiro (n. 1984) apresentará em Serralves uma série de imagens que testemunham a degradação de um conjunto de flores, recorrendo a diversos processos fotográficos, assim sublinhando a relação da fotografia com a temporalidade, explica o mesmo comunicado. Este foi um projecto que a artista começou a desenvolver em 2012 fotografando durante 15 dias as mesmas flores para observar a sua degradação. "Foi um projecto obsessivo em termos de execução prática por ter que fotografar todos os dias", disse Nádia Rodrigues Ribeiro ao PÚBLICO. "A passagem do tempo e a morte intrínseca à fotografia estão não só no facto das flores murcharem, mas também na alteração das suas cores", explica. 

O trabalho que Nádia Rodrigues Ribeiro executará agora é de organização das fotografias para a exposição. A sua ideia é que a disposição das imagens recolhidas permita a observação da passagem do tempo, mas também a da forma como os materiais fotossensíveis reagem a diferentes temperaturas de cor, diz Nádia Rodrigues Ribeiro.

André Romão (n. 1984) venceu com um vídeo que cola todos os fragmentos do friso ocidental do Pártenon, espalhados por vários museus da Europa, testemunho do desmembramento da história do Ocidente. O projecto que apresentou é uma continuação da pesquisa que vinha a desenvolver. A sua intenção ao concorrer ao Prémio BES Revelação era poder executar este projecto com o dinheiro da bolsa. "A reconstituição do friso permite-me fazer um trabalho sobre a ideia de Europa e o projecto europeu", disse André Romão ao PÚBLICO.

Notícia actualizada às 15h21 com declarações dos artistas

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