Cameron quer imagens de pornografia infantil bloqueadas na Internet

Primeiro-ministro inglês ameaça com legislação caso motores de busca não tomem medidas.

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Imagem da entrevista de Cameron a Andrew Marr, dada em Downing Street Jeff Overs/BBC/Reuters

O primeiro-ministro inglês, David Cameron, quer que as empresas ligadas à Internet bloqueiem o acesso a imagens que mostrem abusos sexuais de crianças ou pornografia infantil. Se tal não for feito voluntariamente, Cameron diz que poderá avançar para uma legislação sobre o tema.

Numa entrevista à BBC, no programa televisivo de Andrew Marr, David Cameron defendeu que empresas com motores de busca como a Google precisam de fazer mais para bloquear alguns resultados das pesquisas de pessoas que o primeiro-ministro classifica como “depravadas e repugnantes”.

A Google já garantiu que, sempre que se depara com imagens relacionadas com pedofilia, as remove assim que possível. Contudo, alguns especialistas questionam se a medida “bem-intencionada” proposta pelo governante será realmente efectiva.

Em Junho, a Google avançou ao Telegraph que um dos motivos para por vezes ser demorado remover as imagens que envolvem crianças é a ausência de um sistema unificado que abranja, por exemplo, Yahoo!, Microsoft, Twitter e Facebook. Por isso, a gigante tecnológica começou a trabalhar num novo programa que permitirá de forma célere a troca de informações sobre pedofilia entre sites, governos e organizações não-governamentais.

Novas ferramentas em desenvolvimento
Aproximadamente 3,75 milhões de euros serão destinados aos grupos National Center for Missing and Exploited Children e Internet Watch Foundation, como a outras organizações nos Estados Unidos, no Canadá, na Austrália e na América Latina. E cerca de 1,5 milhões de euros vão para a Child Protection Technology Fund, fundo criado com o objectivo de financiar o desenvolvimento de ferramentas tecnológicas que auxiliem o combate à pornografia infantil.

Só que, para Cameron, é preciso agir ainda mais rápido. O primeiro-ministro quer que as empresas com motores de busca comecem desde já a fazer progressos, bloqueando alguns termos nas buscas. “Penso que é errado que eles [os pedófilos] consigam os resultados e temos de ter conversações muito, muito fortes com estas empresas para dizer que não devem providenciar resultados para certos termos que são tão depravados”, disse Cameron.

Contudo, o primeiro-ministro antecipa alguns problemas no diálogo, pelo que ameaça que, se das conversações não resultar o que pretende, vai utilizar a via legislativa “em nome dos pais e crianças britânicos”. A entrevista à BBC acontece um dia antes de um discurso que Cameron fará na segunda-feira e onde dará mais pormenores sobre os planos do Governo nesta área.

A ideia passa por criar uma "lista negra" de termos que, uma vez utilizados numa pesquisa, direccionam o utilizador para uma página que alerta para as possíveis consequências das acções de pedofilia, nomeadamente em termos de perda de trabalho, prisão e afastamento de crianças.

O aviso de Cameron surge depois de dois casos que chegaram a tribunal, cujos envolvidos tinham feito pesquisas na Internet relacionadas com o abuso sexual. Acabaram por assassinar as suas vítimas - de cinco e 12 anos - e foram ambos condenados à prisão perpétua.

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