Optimus Alive: uma miúda tímida, um coro feliz e um palco demasiado pequeno

No primeiro dia ficou provado que a chuva não atrapalha ninguém. Se os Edward Sharpe & The Magnetic Zeros montaram um feliz coro colectivo, os Vampire Weekend mostraram que mereciam actuar no palco principal

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Rúben Viegas/Optimus Alive

Seis da tarde e muitas nuvens. O britânico Gold Panda aquecia o Palco Clubbing mas contava com pouca audiência para acompanhar uma batida profissional e de grande qualidade. O mestre da produção electrónica parecia indiferente à reduzida assistência e só abandonou o palco depois dos avisos da produção, deixando os que o ouviam com vontade de mais depois da vibrante música ”You”. A saída de Gold Panda deu lugar a Ben Ash, mais conhecido por Two Inch Punch, e logo depois os AlunaGeorge pisaram o mesmo palco numa actuação que, no mínimo, seduziu o público. “You know you like it but it drives you insane” foi cantado pela londrina Aluna Francis em coro com um público já bem mais composto do que em Gold Panda.

A escolha não era certamente óbvia entre o Palco Clubbing e o Palco Heineken que, à mesma hora, recebia os canadianos Japandroids mas quem optou por ficar com o electro soul de AlunaGeorge - banda considerada pela BBC a segunda mais promissora deste ano - não ficou mal servido. A sensual vocalista da banda movia-se ao som de uma voz já descrita por muitos críticos como a de uma miúda tímida, numa actuação com muito pouco de timidez.

Pela terceira vez em Portugal – já tinham estado em Lisboa em Maio - os cada vez mais profissionais Two Door Cinema Club ocuparam o palco principal num dos concertos mais marcantes da noite. A banda irlandesa com seis anos de vida e dois álbuns de estúdio há muito que conquistou o público português e a actuação no Passeio Marítimo de Algés foi a prova disso. Ao mesmo tempo que o aprumadinho Alex Trimble bebia um copo de vinho branco, a audiência vibrava e cantava “now I can talk, no one gets off”. A banda saiu do palco depois do contagiante “What You Know” e a assistência mostrava-se altamente satisfeita com a prestação de Trimble, Sam Halliday e Kevin Baird.

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Crystal Fighters Rúben Viegas/Optimus Alive

Numa onda muito diferente, os norte-americanos Green Day deram mais de duas horas de música a um público expectante. Um concerto que abriu com um coelho cor-de-rosa e que levou ao palco um fã entusiasmado, numa actuação com jogos de luzes que não desiludiu os fãs mais antigos da banda mas bastante comprido para quem só queria recordar “American Idiot”.

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Edward Sharpe & The Magnetic Zeros Rúben Viegas/Optimus Alive

Um palco demasiado pequeno 

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Two Door Cinema Club Rúben Viegas/Optimus Alive

Também dos E.U.A. os Edward Sharpe & The Magnetic Zeros chamaram ao Palco Heineken uma audiência ansiosa por ouvir “home is wherever I’m with you”. Numa prestação incrível com onze músicos em palco, o som da banda que se juntou em 2005 foi para muitos um dos melhores da noite. A cumplicidade de Alex Ebert e de Jade Castrinos deu um toque mágico ao folk feliz da banda que se misturou com a audiência e cantou em uníssono “it's the magical mystery kind/ must be a lie/ bye bye to the too good to be true kind of love”.

No palco ao lado, a voz da britânica Jessie Ware partia corações com “Wildest Moments”. Uma estreia muito bem recebida pelo público português que ouviu com entusiasmo o álbum “Devotion”, lançado no ano passado.

À meia-noite a tenda do Palco Heineken, que antes parecera grande, não chegou para todos os que queriam ouvir os nova-iorquinos Vampire Weekend. Uma actuação que não desiludiu a plateia atenta à apresentação do mais recente álbum de estúdio da banda – "Modern Vampires of The City" – e que considerava a banda merecedora de lugar no palco principal.

Merecem destaque ainda os excêntricos Crystal Fighters que encheram o Heineken e deixaram a assistência feliz com singles como “You & I” e “Love Is All I Got”. Ouvir “Champion Sound” em Algés confirmou que a banda é uma verdadeira campeã das actuações ao vivo.

Hoje à noite há muito mais para ver e ouvir. Ontem ficou confirmado que a chuva não impede ninguém de curtir o festival.

Artigo corrigido às 15h23. Foi a terceira vez que os Two Door Cinema Club actuaram em Portugal.

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