Taxas de juro da dívida portuguesa ultrapassam os 7,5% depois do fim do estado da nação

Subida dos juros acentuou-se no início da tarde em todos os prazos

Foto

As taxas de juro dos títulos de dívida pública portugueses estão a registar, esta sexta-feira, uma forte subida. Nas obrigações a 10 anos, a barreira dos 7,5% foi ultrapassada, mas as maiores subidas registam-se nos prazos mais curtos.

A pressão dos mercados sobre Portugal acentuou-se nesta sexta-feira de forma marcada depois do clima de maior acalmia que se tinha registado ao longo desta semana.

As taxas de juro dos títulos de dívida pública portuguesas tiveram um dia semelhante ao que se tinha registado a seguir à demissão de Paulo Portas, com subidas próximas de um ponto percentual em todos os prazos.

A taxa de juro exigida nas trocas dos títulos de dívida portugueses a 10 anos subiu para os 7,512%, face aos 6,888% com que se tinha iniciado a sessão. Durante a manhã, este indicador manteve-se sempre perto dos 7%, mas ao início da tarde, após o final do debate parlamentar houve uma subida acentuada.

Nos prazos mais curtos, as taxas subiram ainda a um ritmo mais forte. De tal forma que, ao contrário do que é habitual, as taxas de juro dos títulos a 5 anos quase ficaram coladas às dos títulos a 10 anos. No final do dia atingiram os 7,412%, mais um ponto percentual do que ontem. Nos títulos a dois anos, o agravamento das taxas foi de 0,930 pontos percentuais, para 6,713%, apesar de a determinada altura se ter também ultrapassado a barreira dos 7%.

A subida mais forte registada nos prazos mais curtos significa que as preocupações dos investidores em relação à dívida portuguesa estão a centrar-se cada vez mais na capacidade de Portugal cumprir os seus compromissos no curto prazo.

Este agravamento dos custos da dívida em Portugal não se está a verificar na mesma dimensão nos outros países periféricos, o que parece apontar para uma reacção negativa dos investidores a acontecimentos específicos do país. Os sinais de desentendimento entre os partidos, a manutenção da incerteza política  e o risco de que o país possa vir a perder o financiamento da troika são as razões mais frequentemente dadas pelos analistas para a actual situação.

Para o Estado, o custo desta subida de taxas pode fazer-se sentir brevemente. A Agência para a Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) anunciou ontem a intenção de continuar a realizar emissões de dívida de curto prazo (bilhetes de tesouro) todas as terceiras quartas-feiras de cada mês, confirmando que no próximo dia 17 serão lançados dois novos títulos com maturidades de seis meses e um ano. De igual modo, o IGCP mantém aberta a porta à realização de emissões de longo prazo, sujeitas às condições de mercado.

No entanto, no actual cenário, qualquer emissão implicará, necessariamente, taxas de juro mais elevadas.

 


 
 
 

Sugerir correcção
Comentar