Indícios de contas fictícias na Pescanova colocam pressão sobre o presidente

Auditoria divulgou troca de emails internos que indiciam irregularidades nas contas do grupo durante vários anos´.

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O grupo espanhol tem em Mira uma unidade de pregado Adriano Miranda

O círculo à volta do histórico líder da Pescanova estreitou-se nos últimos dias, depois da divulgação de correspondência entre gestores do grupo pesqueiro, suspeito de mascarar as contas através de resultados fictícios. A pressão sobre Manuel Fernández Sousa intensificou-se nesta sexta-feira, com a cervejeira Damm (segunda maior accionista) a pedir o afastamento do presidente, que controla a maioria do capital.

A auditoria da consultora KPMG, conhecida esta semana, revelou uma dívida financeira de 3281 milhões de euros e um buraco de 927 milhões nos activos da empresa, agora sob o regime de protecção de credores.

Se a credibilidade da administraçãodo grupo galego — que em Praia de Mira (distrito de Coimbra) tem uma unidade de pregado — foi posta em causa quando reconheceu irregularidades, a sua margem de manobra ficou agora ainda mais reduzida.

O relatório, do qual o diário El País publicou excertos, revela como os responsáveis da empresa terão procedido durante anos para, alegadamente, ocultar o passivo e fazer crer que os resultados eram melhores do que os números reais. Segundo a investigação, as práticas levadas a cabo pela administração “não foram furtivas, mas o resultado de uma planificação consciente”.

Sem referir nomes, a KPMG diz existirem “indícios fundados de que determinadas pessoas da equipa de gestão da Pescanova instruiu, executou e levou a cabo, em maior ou menor grau, as ditas práticas”. A documentação apresentada, nomeadamente troca de emails entre altos quadros, identifica seis alegados principais responsáveis pelas irregularidades: o presidente e mais cinco gestores.

Num email de Dezembro de 2011, o responsável pela auditoria interna, Joaquín Viña, chamava a atenção para a importância de manter uma boa “imagem financeira” nas contas anuais. “O EBITDA deve ser o mais elevado possível. O passivo bancário deve ser o menor possível”, referia.

Segundo o económico Expansión, os accionistas Damm, Luxempart e Iberfomento (15% do capital) já pediram a convocação de uma assembleia de accionistas.

Sob o regime de protecção de credores, a Pescanova conseguiu já que um grupo de bancos concedesse empréstimos no valor de 52 milhões de euros e que a Junta da Galiza garantisse outros quatro milhões de euros.  Certo é que os bancos credores – entre os quais está a Caixa Geral de Depósitos – assumirão perdas com a reestruturação da dívida. Segundo a imprensa espanhola, a situação de falência técnica s perdas poderão chegar a 50%.
 
 

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