Três mortos em protestos contra a deposição de Morsi no Egipto

A "Sexta-feira de rejeição" motivou confrontos entre manifestantes pró e contra o ex-Presidente em todo o país. União Africana suspendeu o Egipto.

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Estão milhares de apoiantes de Morsi nas ruas do Cairo Suhaib Salem/reuters

Pelo menos três pessoas morreram esta sexta-feira no Cairo, a capital egípcia, onde decorreu um protesto – a "Sexta-feira de rejeição" – contra a deposição de Mohamed Morsi da presidência.

A Coligação Nacional em Apoio da Legitimidade, liderada pela Irmandade, pediu ao povo egípcio para "tomar as ruas e mobilizar-se pacificamente” depois das orações desta sexta-feira, as mais importantes da semana. O objectivo era dizer “‘não’ às detenções militares, ‘não’ ao golpe militar”. Na quinta-feira foram detidos os principais líderes do movimento islamista e do seu Partido da Justiça e da Liberdade, criado em 2011, incluindo Morsi.

As Forças Armadas egípcias, num comunicado, dizem não ser responsáveis por estas mortes e negam ter disparado contra os manifestantes islamistas.

O Exército montou cordões de segurança em algumas áreas do Cairo e de outras cidades. De acordo com a BBC, pelo menos uma pessoa morreu em frente à sede da Guarda Republicana, na capital, quando se ouviram disparos que os jornalistas no local dizem poder ter sido feitos de ambos os lados. Outra pessoa morreu na praça Rabaa al-Aadaouiya, em Nasr City, um subúrbio do Cairo onde se juntaram dezenas de islamistas, segundo disse um responsável do Ministério da Saúde à agência AFP.

O terceiro morto é um soldado, diz a AFP, agredido por islamistas que tentaram invador um posto militar; vários soldados ficaram feridos.

No Norte, em El-Arich, os apoiantes de Morsi atacaram um edifício governamental, relata a agência egípcia Mena e a polícia disparou para o ar para dispersar a multidão.  E em Ismaïliya, o exército ta,bém disparou para dispersar os manifestantes. Na segunda cidade do país, Alexandria, a polícia anti-motins lançou gás lacrimogéneo para afastar as duas manifestações (anti e pró-Morsi) que se aproximavam no bairro Sidi Gaber. Na província de Beheira seis pessoas ficaram feridas nos confrontos e no Suez os islamistas lançaram pedras contra o cordão policial que guardava os acessos ao canel.

Morsi foi deposto na quarta-feira por um golpe militar, tendo as Forças Armadas entregue o poder a Adly Mansour, o presidente do Tribunal Constitucional, que tomou posse como chefe de Estado interino até à realização de novas eleições. A Constituição, de teor islamista, foi suspensa e os militares anunciaram que será redigida outra.

Devido a estas mudanças – que os militares e a população que os apoia negam ter sido um golpe militar –, a União Africana suspendeu o Egipto. "O Conselho [da UA] reitera a sua condenação a qualquer tomada do poder pela força. O afastamento do Presidente Morsi, democraticamente eleito, não obedece às disposições da Constituição egípcia e corresponde ao que é considerado uma mudança inconstitucional do poder", disse, citado pela Reuters, Admore Kambudzi, o secretário do Conselho de Paz e de Segurança da União Africana.
 
 
 
 
 
 

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