Marcelo: Teixeira dos Santos “era um fraco, politicamente”

Rebelo de Sousa criticou ex-ministro das Finanças, alertou para o efeito bumerangue das greves e disse acreditar no cumprimento da meta do défice.

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Marcelo deverá falar sobre a CGD na próxima quinta-feira Nuno Ferreira Santos

Teixeira dos Santos quebrou na quarta-feira o silêncio que mantinha desde que saiu do Governo, em 2011. O ex-ministro das Finanças deu uma entrevista à TVI e, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, mostrou que não teve capacidade para convencer José Sócrates da necessidade de um programa de ajustamento e que por isso avançou sozinho.

No seu habitual comentário dominical, na mesma estação de televisão, o antigo presidente do PSD disse mesmo que, apesar de considerar Fernando Teixeira dos Santos uma pessoa “honesta”, o antigo governante “era um fraco, politicamente”. E que a prova está na incapacidade para persuadir Sócrates para os seus argumentos.

Marcelo entende que Teixeira dos Santos “fez mal em dar a entrevista”. “É cedo. Assim como achei que era cedo com Sócrates. Mas Sócrates corre para Belém, ou algo assim. Para onde corre Teixeira dos Santos?” O comentador considera que teria sido mais frutífero para o ex-ministro quebrar o silêncio depois de findo o programa da troika.

“É cedo para se pronunciar sobre o Governo”, insistiu, sublinhando que Teixeira dos Santos “evitou mais do que José Sócrates” a relação com o ex-primeiro-ministro e actual comentador da RTP que resultou do pedido “in extremis” de financiamento externo. “José Sócrates deu-lhe duas caneladas cuidadosas. Ele, nem isso.”

De resto, segundo Rebelo de Sousa, a entrevista serviu para provar que “não havia espaço para negociar com a troika”, apesar de Teixeira dos Santos defender como bom o acordo conseguido com as instituições internacionais envolvidas no processo.

Avançando para temas mais presentes, mas continuando na entrevista de Teixeira dos Santos, Marcelo sublinhou que “saem todos mal” no caso dos swaps. “A história dele mostra que não sabia o que se estava a passar”, afirmou. Quanto à secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque, que disse no Parlamento que não tinha conhecimento da matéria – o que Teixeira dos Santos desmentiu e o Governo acabou por dar-lhe razão –, o comentador diz que “não dá para perceber”. Para o professor, é Vítor Gaspar quem fica melhor na fotografia.

Greves como água
Avaliando o impacto da greve geral desta quinta-feira, Rebelo de Sousa desvalorizou o impacto da paralisação promovida em conjunto pelas duas centrais sindicais, a CGTP e a UGT, e alertou para o “efeito bumerangue” que estas iniciativas possam vir a ter, prejudicando os próprios trabalhadores.

“Bebemos greves gerais como bebemos água”, disse. “As pessoas lidam com isso com toda a normalidade.” Destacando o forte impacto nos transportes e noutros sectores da esfera pública, mas relativizando o obtido no privado, afirmou que “não se pode abusar da greve geral”, para evitar um eventual “efeito bumerangue”. “A banalização das greves deve levar os dirigentes sindicais a pensar.”

Ainda sobre greves, a dos professores, o Conselheiro de Estado observou que o resultado foi benéfico para os dois lados. Marcelo entende que foi “uma vitória dos sindicatos” e que “para [o ministro da Educação, Nuno] Crato também foi bom porque estava a ser o pandemónio nas escolas”.

Por fim, o social-democrata confessou, para espanto da interlocutora, Judite de Sousa, que acredita no cumprimento das metas do défice – ou seja, que os 10,6% registados no primeiro trimestre se vão transformar em 5,5% até ao final do ano. “Acredito, acredito.” Marcelo acredita, aliás, que esse seja o valor apresentado já nos resultados do segundo trimestre, argumentando que a “produção industrial subiu ligeiramente”. Mas tem “dúvidas” de que em 2014 “haja um crescimento a sério”.
 

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