Antigo ciclista Jan Ullrich admite pela primeira vez ter recorrido ao doping

Até agora o antigo ciclista alemão tinha defendido ser inocente e nunca ter recorrido a esta prática ilegal.

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Ullrich na conferência de 2007 onde anunciou o fim da sua carreira de alta competição Christian Charisius/Reuters

O antigo ciclista alemão Jan Ullrich, vencedor da Volta a França em 1997, admitiu pela primeira vez ter recorrido ao uso de doping, numa entrevista que será publicada na segunda-feira pela revista Focus.

Ullrich tinha defendido ser inocente e nunca ter recorrido à prática de doping, mas na referida entrevista, antecipada neste domingo pela agência France Presse (AFP), admite que recorreu ao doping no escândalo “Operação Puerto”, quando amostras do seu sangue foram encontradas na investigação das autoridades espanholas centradas na figura do médico Eufemiano Fuentes, que forneceu substâncias a diversos atletas.

No ano passado, Ullrich foi castigado com dois anos de suspensão pelo Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) devido a uma infracção por doping. O germânico, que abandonou a alta competição em Novembro de 2007, também viu o tribunal suíço a retirar-lhe todos os resultados conseguidos desde 1 de maio de 2005, nomeadamente o terceiro lugar no Tour2005.

Na entrevista à Focus, Ullrich diz que “quase todos” os ciclistas recorriam ao doping, e justifica o seu uso com a “igualdade de oportunidades” entre todos os atletas na procura da vitória nas provas.

Na decisão do ano passado, os peritos do TAS revelavam ter ficado “confortavelmente satisfeitos” com o “volume, consistência e valor probatório das provas apresentadas pela União Ciclista Internacional (UCI)”, no sentido de que “Ullrich participou em doping sanguíneo, violando o artigo 15.2 dos regulamentos”, dado que o corredor “não conseguiu levantar qualquer dúvida sobre a veracidade ou fidelidade” das mesmas.

Nos últimos tempos têm sido vários os casos de doping no ciclismo. Em Março o ciclista alemão Stefan Schumacher, suspenso por controlos antidoping positivo por EPO em 2008, confessou ao semanário alemão Der Spiegel que o doping fazia parte do seu “quotidiano, como um prato de massa depois do treino”.

A confissão surgiu depois de o norte-americano Lance Armstrong ter admitido que se dopou praticamente ao longo de toda a sua carreira, nomeadamente entre 1999 e 2005, período em que venceu a Volta a França sete vezes consecutivas. Na sequência da confissão a União Ciclista Internacional, seguindo as conclusões de um relatório da agência antidoping dos EUA, deu como provado que Armstrong fez batota. Por isso, a UCI retirou-lhe os sete títulos do Tour que tinha no currículo e afastou-o para sempre das competições profissionais. O Comité Olímpico, por sua vez, exigiu a devolução da medalha de bronze que o norte-americano conquistou nos Jogos de Sydney 2000.

 
 

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