Filho do Presidente de Angola preside a fundo soberano
Fundo Soberano de Angola gere cinco mil milhões de dólares. Primeiro projecto está ligado a uma rede de hotéis de negócios em África.
José Filomeno dos Santos, filho de José Eduardo dos Santos, foi nomeado presidente do conselho de administração do Fundo Soberano de Angola (FSDEA). A decisão foi conhecida nesta sexta-feira, o mesmo dia em que o fundo, que gere cinco mil milhões de dólares (cerca de 3,8 mil milhões de euros) provenientes das receitas petrolíferas, anunciou a sua política de investimentos.
O filho do Presidente de Angola, que já era administrador do FSDEA e responsável pela estratégia deste fundo, passa assim a ocupar o cargo deixado vago por Armando Manuel, nomeado em Maio ministro das Finanças.
Em comunicado, o gestor, licenciado em Gestão de Informação e Finanças pela Universidade de Westminster, afirma que haverá uma “prestação rigorosa de contas e transparência na gestão” do FSDEA. Neste âmbito, está prevista a divulgação de um relatório anual das contas, bem como o envolvimento de auditores independentes. De acordo com José Filomeno dos Santos, o novo fundo irá garantir “investimentos sustentáveis e prósperos, que apoiarão o crescimento económico do país a longo prazo”.
A estratégia de investimentos era uma das peças que faltavam no arranque efectivo do fundo, com raízes em 2008. Nesse ano, José Eduardo dos Santos anunciou a intenção de desenvolver uma instituição deste tipo, que gere dinheiro do Estado a pensar no longo prazo. As bases legais foram criadas em 2011, mas só em Outubro do ano passado é que o FSDEA foi lançado oficialmente pela República de Angola.
Segundo o comunicado hoje divulgado, este fundo, que reporta exclusivamente perante o Governo de Angola, irá efectuar os seus investimentos de acordo com três grandes eixos: preservação do capital, maximização dos retornos a longo prazo e desenvolvimento de infra-estruturas.
Até metade das verbas do fundo será aplicada em produtos financeiros “com rendimento fixo e instrumentos de caixa emitidos pelas agências soberanas”, instituições supranacionais, grandes empresas que tenham grau de investimento (avaliado pelas agências de rating) ou em instituições financeiras e “títulos de participação societária emitidos no G7”, o grupo dos países mais industrializados.
Numa lógica de diversificação, o resto das verbas, segundo o documento, será aplicado em investimentos alternativos, ligados aos mercados emergentes e em sectores como commodities (como é o caso do ouro), agricultura, minério, infra-estruturas e imobiliário.
Para já, vai criar um “fundo hoteleiro para África”, tendo lançado “um concurso a operadores que lideram o ramo hoteleiro internacional a fim de desenvolver e operar uma carteira de hotéis de negócios de três a cinco estrelas em toda a África subsariana”, e quer lançar uma escola de hotelaria.