Património mundial da Síria em perigo na lista da UNESCO
Comité do património mundial aprovou a criação de um fundo especial para ajudar na conservação de seis locais históricos que estão em risco por causa da guerra.
A UNESCO colocou na lista de património mundial em perigo seis locais históricos sírios ameaçados pelos combates, em particular, a cidade velha de Alepo, que sofreu estragos consideráveis depois do início da revolta contra o regime de Bashar al-Assad em Março de 2011.
A Síria conta com seis locais classificados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO): as cidades velhas de Damasco, Bosra e Alepo, o oásis de Palmira, a Fortaleza de Saladino e o Krak dos Cavaleiros e as aldeias antigas do Norte da Síria.
O comité do património mundial da UNESCO, reunido em sessão anual em Phnom Penh (Camboja), colocou nesta quinta-feira todos estes sítios na lista de locais em perigo.
“A decisão foi tomada para reunir apoios para salvaguardar estes locais”, disse Roni Amelan, porta-voz da organização. O comité também aprovou a proposta francesa de criação de um fundo especial para ajudar na conservação destes locais.
Nos documentos preparatórios da reunião, a Unesco sublinhou que as informações sobre as destruições eram “parciais” e provenientes de fontes nem sempre verificáveis, como as redes sociais, bem como de um relatório das autoridades sírios que “não reflete necessariamente a situação real em todo o seu conjunto”.
Mas face a um conflito armado cada vez mais alargado, “já não estão reunidas as condições para garantir a conservação e a protecção do valor universal excepcional destes seis locais”, sublinha a UNESCO. “Alepo, em particular, sofreu danos consideráveis”.
Em Abril, ruiu o minarete da Mesquita Omíada de Alepo, jóia histórica desta cidade do norte da Síria, em redor da qual se travaram violentos combates durante meses. A mesquita, construída no século VIII e renovada no XIII, já tinha sofrido importantes danos no Outono de 2012.
Em Setembro de 2012, o souq de Alepo, com muitas lojas centenárias com portas em madeira, foi parcialmente destruído pelas chamas. A cidadela foi igualmente danificada. Alguns actos de pilhagem também foram reportados à UNESCO.
Desde o início dos combates, a UNESCO lançou vários alertas, pedindo às forças em confronto que poupassem o património cultural do país e alertou a comunidade internacional sobre o risco do tráfico de bens culturais.
“A destruição do património cultural insubstituível do povo sírio é uma perda para toda a humanidade”, disse a directora-geral da UNESCO, Irina Bokova, dando como exemplo os mausoléus, as mesquitas, os locais arqueológicos, os objectos culturais e as muitas tradições ainda vivas naquele país.