A Livraria Poetria, projecto "de risco", resiste há dez anos no Porto

Não dá lucro, nunca deu. A Poetris é um ponto de encontro, diz a dona, Dina Ferreira da Silva.

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A Poetria está num quareirão da cidade do Porto com cerca de 30 livrarias Nelson Garrido

A livraria Poetria, no Porto, comemora dez anos em 2013 e nasceu para combater a “pouca poesia nas livrarias tradicionais”, mas apesar de ser “um projecto de risco e sem qualquer lucro”, continua a viver “um dia de cada vez”.

Em declarações à agência Lusa, Dina Ferreira da Silva, responsável pela livraria, explicou que o conceito inicial era “remar contra a maré da globalização” e “centralizar esse género literário [poesia] num só espaço”. “Somos a única livraria do país especializada em poesia e teatro”, afirmou a responsável.

A literatura teatral “veio por acréscimo”, pela proximidade ao Teatro Carlos Alberto e a várias escolas e companhias teatrais.
Situada na rua das Oliveiras, “quarteirão onde moram cerca de 30 livrarias”, a Poetria tem bibliografia maioritariamente portuguesa, distribuída em cerca de quatro mil livros.

Dina Ferreira da Silva vende em média dois a três livros por dia, o que é “muito pouco, pois precisava de vender o triplo para garantir a sobrevivência do espaço”. Este sempre foi “um projecto de risco, contranatura, insensato e louco”, pois não tem um grande suporte financeiro e nunca deu qualquer lucro.

“A livraria só vive porque há um punhado de gente que se recusa a que ela feche, porque acham que é quase um património ou um serviço público”, explicou. Assumindo-se como uma livraria de esquina ou ‘gourmet’, a Poetria “é um ponto de encontro, tem um atendimento ultra personalizado, e vai até ao fim do mundo para arranjar o livro que as pessoas procuram”. O público é jovem, dos 20 aos 40 anos, mas está “sempre a renovar-se”.

Em dez anos a Poetria “continua intacta”, mas a cidade mudou. “O Porto mudou e está a mudar para melhor. Em termos de dinâmica cultural e lúdica noto uma grande efervescência e uma capacidade de resistência por parte dos jovens. A cidade está mais interessante”, nota a dona da livraria.

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