"A Câmara de Lisboa não é um trampolim político", diz João Semedo

Bloco quer recuperar vereador na capital.

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João Semedo Rui Gaudêncio
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João Semedo, com Carlos Mendes e Ana Drago Rui Gaudêncio

“A Câmara não é um trampolim político”, disse na tarde desta quinta-feira, ao PÚBLICO, João Semedo, candidato do Bloco de Esquerda (BE) a Lisboa, poucas horas antes de apresentar a candidatura. O objectivo do BE é recuperar o vereador perdido e reforçar o número de deputados municipais.

“Não olho para a Câmara de Lisboa como um trampolim político, a Câmara não é um trampolim, a unidade de esquerda ultrapassa as problemáticas locais, passa pelo combate à austeridade e por uma alternativa à crise”, refere o coordenador e deputado do Bloco.

João Semedo não ignora que outros dirigentes políticos – Santana Lopes, Jorge Sampaio, Paulo Portas e Marcelo Rebelo de Sousa – tiveram na luta para o principal município do país a antecâmara de outros voos. Não é esse o objectivo da candidatura de Semedo, que tem Ana Drago como cabeça de lista à Assembleia Municipal, e Carlos Mendes como mandatário.

“Não deixarei de ser coordenador do Bloco seja qual for a responsabilidade que venha a ter na Câmara Municipal de Lisboa, na altura decidiremos, não quero negar que há sempre imprevistos, mas para já não vejo nenhuma razão para não continuar a ser coordenador do Bloco de Esquerda até à próximo Convenção, em Novembro de 2014”, refere. João Semedo admite, contudo, que esta questão foi abordada na direcção do BE. Mas a decisão está tomada.

Voltar a ter um vereador e aumentar a representação dos actuais três deputados municipais é um objectivo no horizonte da candidatura do Bloco. Uma vez feita a ida às urnas, Semedo garante não haver nenhuma razão para privilegiar o relacionamento com António Costa. “A nossa política é clara, queremos ser parte da solução e, se for respeitado o nosso programa, estamos prontos para assumir qualquer responsabilidade”, esclarece.

A acção do actual presidente socialista da edilidade é vista criticamente: “No que era mais importante e mais difícil - a habitação, a reabilitação urbana e a degradação social – ocorreram os maiores falhanços de António Costa.” E prossegue: “A Câmara de Lisboa acordou tarde para a degradação social e, no domínio da habitação, só interveio no domínio público, deixando a reabilitação da cidade nas mãos dos promotores privados que, aliás, não a desejavam.”

O programa do BE tem três prioridades: Habitação, pela criação de um programa municipal, de uma bolsa de arrendamento e de um fundo para a reabilitação urbana; Emergência social com um plano de ataque às situações mais graves, dos sem- abrigo e a formação de uma rede solidária contra a solidão; Política de mobilidade, privilegiando os transportes públicos de qualidade.

“Com uma boa equipa, e dada a minha experiência profissional, poderei gerir qualquer outro pelouro”, sublinha João Semedo. “Nasci e vivi a maior parte da minha vida em Lisboa, esta é uma cidade que me tratou bem, quero ser vereador para poder devolver esse privilégio, para tratar bem esta cidade”, conclui.

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