Os bastidores do novo disco dos Daft Punk

Em "Random Access Memories", os franceses trocaram os samples por um elenco de luxo. É um álbum diferente com algumas histórias engraçadas

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Ao contrário dos trabalhos anteriores, no novo disco dos Daft Punk, "Random Access Memories" (RAM), quase não há samples. Desta vez, os franceses fizeram com um elenco de luxo o que costumavam fazer com máquinas. O resultado foi um álbum diferente de todos os outros, com algumas histórias engraçadas que vale a pena conhecer.

“Give Life Back to Music” abre o novo disco com o groove das guitarradas de Nile Rodgers e da bateria de John ‘JR’ Robinson (músico do álbum “Off the Wall” de Michael Jackson). Para Nile, esta colaboração foi especial. "RAM" foi gravado no estúdio onde tinha gravado o seu primeiro single com os Chic.

Giorgio Moroder veio ajudar à festa com “Giorgio by Moroder” e ficou fascinado com a atenção ao detalhe dos Daft Punk — tinham no estúdio três microfones: um dos anos 60, outro dos 70 e outro actual. E só Thomas Bangalter é que percebia a diferença entre eles.

A pedido dos robots, o pianista Chilly Gonzales, recordista mundial do concerto a solo mais longo — 27 horas, 3 minutos e 44 segundos — criou a ponte entre as três músicas anteriores, em Lá menor, e o bloco seguinte, em Si bemol menor, e assim nasceu “Within”.


Quando Pharrell conheceu Thomas e Guy numa festa da Madonna, disse-lhes que podiam contar com ele para tudo o que quisessem, nem que fosse para tocar pandeireta. Acabou por cantar não só em “Get Lucky”, mas também em “Lose Yourself to Dance”, bomba disco com Nile Rodgers e bateristas ao vivo — de novo John ‘JR’ Robinson e Omar Hakim, que começou aos 16 anos a tocar com Stevie Wonder.

“Touch” é uma odisseia composta por 250 elementos, inspirada no filme “Phantom of the Paradise”, cuja banda sonora foi concebida por Paul Williams. O músico acredita também que os Daft Punk podem ter ido lá buscar o conceito de “trabalhar atrás de uma máscara”.

"RAM" mudou a vida do produtor Todd Edwards. Thomas e Guy pediram-lhe que se inspirasse na vibe da Califórnia para compor “Fragments of Time”. Resultado: depois de três semanas em L.A. a trabalhar com eles, Todd rendeu-se à West Coast e foi para lá viver.

Depois de dois pedidos para remisturar temas dos Daft Punk, reijeitados pelos franceses, Panda Bear acabou por ser convidado para emprestar a sua “voz angelical” a “Doin’ it Right”, a única faixa totalmente electrónica do álbum.

"Random Access Memories" termina com “Contact”, a excepção que inclui um sample: “We Ride Tonight”, dos The Sherbs. DJ Falcon juntou-lhe a voz do astronauta Eugene Cernan da missão Apolo 17 no momento em que viu um objecto alienígena da janela da nave. “Contact” foi concebida há 10 anos e alguém descobriu entretanto que a música tinha sido tocada numa festa em Amesterdão, nessa mesma altura.

20 anos depois de “Homework”, os Daft Punk querem mais. E DJ Falcon preconiza: em vez de samplarem clássicos, vão passar eles a ser samplados.

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