Sócrates e Marcelo captam mais espectadores, Sarmento e Mendes não

O programa Sócrates é seguido por mais pessoas que o Telejornal que o antecede, mostrando-se a mais-valia que o presidente da RTP reclamava.

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Marcelo criticou Passos Nuno Ferreira Santos

Os espaços de opinião de José Sócrates, na RTP1, e de Marcelo Rebelo de Sousa, na TVI, têm servido para captar mais espectadores para os respectivos canais. Pelo contrário, quando Nuno Morais Sarmento (à sexta-feira na RTP1) e Luís Marques Mendes (ao sábado, na SIC) entram no ar, o número de espectadores a assistir aos respectivos canais diminui. Assim, se os primeiros podem ser vistos como mais-valias para a RTP1 e a para a TVI, os segundos não têm tido tão bom desempenho na tarefa de angariar audiências.

De acordo com dados das audiências do sistema da GK trabalhados pela Marktest/Mediamonitor, desde que começou a comentar na RTP1, há precisamente dois meses, dos nove programas (não incluindo o de ontem) emitidos, em seis deles José Sócrates teve mais espectadores do que o programa imediatamente anterior, o Telejornal.

Em média, segundo contas feitas pelo PÚBLICO, A Opinião de José Sócrates teve mais 70 mil espectadores que o Telejornal de domingo – 657 mil contra 584 mil. Depois dos 978 mil espectadores na estreia, o programa tem consolidado em torno dos 600 mil espectadores.

Acrescente-se que o programa seguinte, a série de ficção nacional Depois do Adeus tem rondado, em média, os 400 mil espectadores.

A tarefa de Sócrates é árdua: combater o mais cobiçado comentador televisivo de que há memória e que ajudou o canal de Queluz a crescer nas audiências de domingo. No período analisado, os quase 40 minutos dominicais de comentário de Marcelo Rebelo de Sousa tiveram sempre mais espectadores (em média 1,517 milhões) que o Jornal das 8 no seu todo (1,437 milhões).

José Sócrates assume-se assim como um contributo para puxar pelas audiências da RTP – uma das mais-valias apontadas pelo presidente da empresa, Alberto da Ponte, quando elogiou publicamente a decisão da direcção de Informação, liderada por Paulo Ferreira, e do director-geral de conteúdos, Luís Marinho, de contratarem José Sócrates.

O processo levantou acesa polémica, motivou petições na internet contra e a favor, e até o provedor do telespectador se mostrou contra a contratação.

Terá, aliás, sido um dos imperativos do serviço público – a pluralidade -, que levou a estação pública a contratar o social-democrata Nuno Morais Sarmento para comentar na RTP1. A escolha do antigo ministro dos Assuntos Parlamentares de Durão Barroso – curiosamente com a tutela da RTP, e que elaborou o primeiro plano de reestruturação da empresa, posto em prática a partir de 2002 - foi vista como uma tentativa de contrabalançar o peso político do ex-líder socialista e antigo primeiro-ministro José Sócrates.

As audiências do programa A Semana de Nuno Morais Sarmento esteve sempre abaixo das do Telejornal. O noticiário de sexta-feira da RTP1 regista normalmente boas audiências, sempre com a fasquia acima dos 700 mil pessoas, mas nestas nove semanas Morais Sarmento andou entre um mínimo de 411 mil e os 622 mil espectadores da estreia.

Mas se a RTP1 perde espectadores quando o ex-ministro de Durão chega ao ecrã, o canal continua a perdê-los na mesma proporção de menos 150 mil quando este termina a sua análise à actualidade e se inicia o programa de reportagem Sexta às 9.

A mesma tendência verificada com Morais Sarmento na RTP1 observa-se com Luís Marques Mendes na SIC. Os dados da GfK/Marktest/Mediamonitor que desmontam as audiências das rubricas do Jornal da Noite da SIC de sábado, mostram que quando se inicia o espaço de opinião do antigo líder social-democrata (média de 910 mil espectadores desde início de Abril), o canal perde espectadores em relação à reportagem Perdidos e Achados (média de 1,048 milhões), emitida imediatamente antes.

Em alguns sábados foram apenas 30 mil pessoas que mudaram de canal, noutros os desistentes chegaram aos cem mil. Registe-se, ainda assim, que, em média, ao sábado, Marques Mendes é seguido por mais pessoas do que Morais Sarmento à sexta-feira ou Sócrates ao domingo.

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